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Arno Kunzler

Casuísmo em casuísmo

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O Brasil sempre foi um terreno fértil para mudar as regras conforme a conveniência, seja na economia, seja na política.

Mas na política é impressionante.

O ventilador no Congresso Nacional é giratório e conforme o interesse do momento vai ventilar mais.

A próxima eleição se aproxima de algo jamais visto.

Como eles encontram motivos para atrapalhar.

Primeiro foi a revogação da prisão e a anulação das provas que haviam sido colhidas contra o ex-presidente Lula, no caso do tríplex em Guarujá e do sítio de Atibaia (SP).

O que valia para a eleição de 2018, em 2022 não vale mais.

Depois veio a intempestiva campanha pelo voto impresso, sob alegação de que a eleição de 2022 seria fraudada.

Depois vem a discussão de revogar a lei que acabou com as coligações para o Legislativo.

Deputados tentando manter o atual “status quo” para beneficiar suas legendas nanicas e garantir verbas e espaços para eleger suas bancadas de deputados alienados a entidades ou negócios.

Agora estão querendo inovar com a quarentena para juízes, promotores e policiais, algo que não existia e supostamente vai deixar muitos candidatos com potencial eleitoral importante, fora do pleito.

Estamos a um ano das eleições.

Ainda questionamos se Lula não é inelegível, se o voto não tem que ser impresso, se as coligações podem ou não podem acontecer em 2022, apesar da lei ter mudado, e se algumas categorias de profissionais têm que ficar de quarentena.

Quando se fala que os negócios precisam de previsibilidade para acontecer naturalmente, a eleição tem um peso importante nisso.

Eleições num regime democrático são indiscutivelmente a ferramenta mais importante para promover a paz e o progresso social, elementos fundamentais no desenvolvimento socioeconômico de uma nação.

Eleições sem um calendário claro e previamente definido são casuísmos que não deveríamos acolher e o Brasil deveria ter superado isso há muito tempo.

A eleição de um presidente da República e de governadores, juntamente com a renovação do Congresso e das Assembleias Legislativas, são acontecimentos importantes, que impactam o futuro do país.

Não deveríamos oferecer tantos obstáculos para que se tornassem demasiadamente questionáveis, por todos e sob tantos aspectos.

Mesmo que transcorra tudo normalmente e que o resultado seja absolutamente inquestionável, haverá motivos e motivações para questionamentos intermináveis.

Sob o olhar de hoje, a eleição de 2022 certamente não será motivo de orgulho para nossas instituições democráticas.

 

Arno Kunzler é jornalista e fundador do Jornal O Presente e da Editora Amigos

arno@opresente.com.br

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