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Tarcísio Vanderlinde

Cenário de histórias admiráveis e rejeições incompreensíveis

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“Entrou num barco e atravessou o mar até a cidade onde morava” (Mt. 9.1)

 

Conhecido desde a antiguidade pelo nome de Kinneret (harpa em hebraico), a lâmina d’água passa a ser chamada nas narrativas do Novo Testamento de mar da Galileia, mar de Tiberíades ou lago de Genesaré. Com um perímetro de aproximadamente 50 quilômetros, sua superfície é nove vezes menor do que a do lago artificial de Itaipu em seu nível normal.

É estranho pensar que um lago tão pequeno possa ser chamado de mar. Se no passado foi importante para o fornecimento de pescado, hoje constitui recurso hídrico de vital importância para Israel, seja para o abastecimento de cidades ou irrigação de campos. Contudo, é pelas histórias admiráveis acontecidas ali e nos arredores que o lago se tornou universalmente conhecido.

Os rabinos costumam dizer que embora Deus tivesse criado os sete mares, escolheu o Kinneret para seu deleite pessoal. O lago é formado principalmente pelas águas do rio Jordão, que, depois de liberadas, seguem por um vale até o mar Morto.

Nos tempos de Cristo, havia uma faixa de povoamentos em volta do lago, muito comércio e transporte por barco. O historiador Flávio Josefo, que viveu no primeiro século, descreve a fertilidade do solo e o ambiente urbano na região do Kinneret:

“As terras são tão férteis e tão bem plantadas, com toda espécie de árvores, que sua abundância convida a cultivá-las mesmo àqueles que têm pouca inclinação para a lavoura e não há terras inúteis. Não somente há uma grande quantidade de aldeias e vilas, mas também um grande número de cidades que a menor delas tem mais de quinze mil habitantes”.

Anos antes de Josefo descrever aquele cenário, Jesus havia escolhido Cafarnaum, às margens do lago, para sede do seu ministério. Pouco resta daquela cidade, porém vestígios arqueológicos podem ser apreciados pelos atuais visitantes, como é o caso de remanescentes de uma sinagoga construída no século IV de nossa era. A sinagoga fora construída sobre os alicerces de outra sinagoga mais antiga, que se acredita ter sido aquela frequentada por Jesus.

Muitos milagres aconteceram ali e adjacências. O povo da época presenciou coisas que certamente gostaríamos de voltar a ver novamente. Mas, o povo da “cidade de Jesus”, a exemplo de algumas outras cidades daquele cenário, ao se fixar na rigidez de suas crenças, tradições e costumes, acabou rejeitando a mensagem de boas novas do reino e da justiça de Deus.

 

O autor é professor sênior da Unioeste

tarcisiovanderlinde@gmail.com

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