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Arno Kunzler

Colégios cívico-militares

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É inegável, no Brasil, que o modelo de educação gratuita ofertada pelo Estado não está alcançando o resultado desejado.

Isso tem uma razão que precisa ser discutida, não com a paixão da APP-Sindicato, nem com a paixão dos que sumariamente querem acabar com o sistema público de ensino.

É preciso ir à raiz do problema e debater as causas que fizeram nosso ensino público e gratuito ser desprezado por pais, que preferem pagar para colocar seus filhos em escolas particulares.

E aí, antes que as pessoas confundam, é preciso ressaltar que a grande maioria dos profissionais da educação são excelentes profissionais, dedicados e com vocação para o serviço público. É algo reconhecido por quase todos.

Mas, ao longo do tempo, isso foi sendo deteriorado por questões que envolvem greves, valorização, gestão, falta de recursos, desmotivação e talvez também ausência de critérios de avaliação de produtividade.

O sistema público é engessado pela sua natureza, não permite que as escolas, de modo geral, e novamente com o devido cuidado para não generalizar, desenvolvam e potencializem os profissionais que têm em favor da qualidade da educação.

Se é verdade que o modelo fracassou, e isso parece que a maioria concorda, inclusive grande parte dos que trabalham com educação, alguma coisa precisa ser feita.

É comum ouvir educadores defender a escola pública, porque nela estão alunos que o setor privado não aceita.

Que as escolas públicas estão situadas em lugares onde a privada não vai.

É uma verdade.

Mas é possível prever, mesmo sem conhecer a fundo o funcionamento dos colégios cívico-militares, que grande parte dos problemas seríssimos que acontecem nas escolas públicas não acontecerá nas cívico-militares, mesmo atendendo públicos iguais.

E por que isso?

Porque ao longo dos anos fomos descaracterizando alguns valores fundamentais na vida para qualquer ser humano.

Poderíamos dizer que as escolas públicas talvez sejam as maiores vítimas desse conceito que foi sendo implantado.

O que mais faz falta em quase todos esses locais é a ausência e consciência de hierarquia, respeito e autoridade.

Nas nossas casas, nas empresas, nas igrejas, na rua, alguém precisa dizer o que o cidadão que frequenta esse local pode e o que não pode fazer.

Os futuros colégios cívico-militares certamente vão receber alunos com as mesmas características sociais e econômicas e é bem provável que o resultado final seja bem diferente.

Alguém duvida que o resultado seja melhor?

Que pais e alunos estejam, ao final, mais satisfeitos?

E isso com a mesma remuneração dos professores, com o mesmo dinheiro gasto por aluno/ano.

 

Arno Kunzler é jornalista e diretor do Jornal O Presente e da Editora Amigos

arno@opresente.com.br

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