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Editorial

Comida salgada

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Um dos reflexos da queda nas taxas básicas de juros é o aumento da inflação. Políticas externas, como o preço das commodities, como milho e petróleo, também contribuíram para o aumento da inflação no Brasil. Mais do que perder poder de compra, o brasileiro está perdendo o direito de comprar o que bem entende.

Itens básicos, como o gás de cozinha, a gasolina, a energia elétrica e produtos para alimentação estão pela hora da morte. Os aumentos consecutivos nos últimos meses, decorrentes de diversos fatores, como a crise de abastecimento de carne na China e a valorização do dólar, que tem estimulado as vendas de grãos para o exterior, corroeram a capacidade do brasileiro de encher o carrinho no supermercado.

A pandemia, que afetou e ainda afeta a produção de inúmeros bens de consumo ao redor do mundo, também deixou as coisas mais caras para todos. O desabastecimento de alguns itens fez prevalecer a lei da oferta e da procura: quanto menos tem, mais vale.

Os trabalhadores e donos de casas sabem que o preço das carnes e outras proteínas de origem animal aumentaram bastante há alguns meses. Muito por conta do aumento no preço do milho, principal ingrediente na ração dada aos animais.

E se já estava caro, beirando os R$ 100 na sexta-feira (15) no Paraná, a saca de milho pode custar ainda mais nos próximos meses. A falta de chuvas e as condições adversas nas principais regiões produtoras, como Mato Grosso do Sul e Paraná, colocam em alerta os produtores de proteína animal. Com os resultados financeiros já estrangulados (pior ainda para quem não se planeja com boa antecedência), invariavelmente os custos, uma hora ou outra, serão repassados ao consumidor final, que é o elo mais fraco e que sempre paga a conta. Ou seja, projeções de aumento ainda maiores nos preços das carnes e outros alimentos não são absurdas, pelo contrário.

E como diria o sábio, quando o combustível aumenta, aumenta tudo. Por um motivo óbvio: tudo que é transportado exige combustível. Aliás, muito do que é produzido exige combustível, como o gás natural que alimenta algumas fábricas.

O Brasil experimenta um descontrole de sua inflação como não enfrentava há muito tempo. Em números gerais e oficiais, o país está próximo de chegar a dois dígitos nos últimos 12 meses. Mas em linhas gerais, a inflação para a maior parte das pessoas é ainda maior, pois elas consomem quase todo o salário em itens que mais acumulam altas, como a própria alimentação.

O segundo semestre pode ser de mais altas para o consumidor brasileiro. O supermercado pode ficar ainda mais salgado.

As preces devem estar voltadas para a retomada rápida da atividade econômica com a ampliação da vacinação, mas também para que as chuvas colaborem com a produtividade rural brasileira, que o mercado mundial de alimentos se estabilize e que os preços dos combustíveis parem de subir freneticamente.

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