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Elio Migliorança

COMO ENFRENTAR A CRISE

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Para muitos, esta crise começou quando se suspeitava que ela viesse, pois começaram a sofrer antecipadamente por aquilo que sequer sabíamos como seria. Estamos nela e parece ser mais abrangente do que aquela marolinha anunciada pelo nosso presidente, que nunca sabe de nada, mas desta vez disse que sabia. Cada um está enfrentando a dita cuja à sua maneira. Alguns preventivamente aumentaram os preços de seus produtos, garantindo assim o seu. Outros reduziram as compras e os investimentos para não cair na tentação de comprar e depois não poder pagar, comprometendo seu crédito e seu nome na praça. Outros percebem que a crise é uma questão filosófica, e se você continua ganhando o mesmo salário e não aumentam suas despesas, ela não o afetará. Descobre que os debates e conselhos recebidos o obrigam a reorganizar suas coisas, planejar melhor seus gastos, racionalizar o consumo e acaba sobrando mais como fruto desta organização.
Pela lógica, a crise diminuirá o consumo, haverá mais oferta e a tendência é de queda nos preços. Quem produz para exportação sente mais diretamente o efeito, pois, diminuindo o consumo externo, a tendência é de queda nos preços pagos ao produtor. Mas há aqueles que enfrentam a crise com um bom humor invejável, e parece que a “veia” humorística ajuda a enfrentar mais facilmente qualquer contratempo.
Ontem alguém reclamou do fato de já estarmos em 10 de março, que daqui a pouco estaremos em dezembro e aí o ano se foi. Se os anos passam mais rápido, envelhecemos rapidamente. Um amigo enviou-me uma lista das vantagens de envelhecer. Parece ser uma boa estratégia envelhecer com bom humor. Há tantos aspectos positivos que não resisti à tentação de reproduzir uma parte deles neste espaço. Aí estão: os sequestradores não se interessam mais por você. De um grupo de reféns você provavelmente será um dos primeiros a ser libertado. As pessoas lhe telefonam às nove da manhã e perguntam: te acordei? Se disser palavras ofensivas, no tribunal seu advogado poderá alegar que você está caduco. As coisas que você comprar agora não chegarão a ficar velhas. Você pode numa boa jantar às seis da tarde. Você curte ouvir histórias das cirurgias dos outros. Você discute apaixonadamente sobre planos de aposentadoria. Você deixa de pensar nos limites de velocidade como um desafio. Você para de tentar manter a barriga encolhida, não importa quem entra na sala. A sua visão não vai piorar muito mais. O seu investimento em planos de saúde finalmente começa a valer a pena. As suas articulações passam a ser mais confiáveis do que serviço de meteorologia. Seus segredos passam a estar bem guardados com seus amigos, porque eles os esquecem. Uma noite e tanto significa que você não teve que se levantar para fazer xixi. Você não quer nem saber onde sua mulher ou marido vai, contanto que não tenha que ir junto. Você é avisado para ir devagar pelo médico e não pelo policial. Funcionou significa que você hoje não precisa ingerir fibras. “Que sorte” significa que você encontrou seu carro no estacionamento. Tem lógica.

* O autor é professor em Nova Santa Rosa

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