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Arno Kunzler

COMO MUDAR O TRÂNSITO?

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Pela enxurrada de críticas que podemos observar, de pessoas que são contra as mudanças feitas no trânsito rondonense, já se pode imaginar o que vem pela frente.

Aconteceu a mesma coisa em 2004, quando o então prefeito Edson Wasem implantou a reformulação do trânsito no centro da cidade, mais radical, mas bem menos complexa que a reformulação que está sendo implantada agora.

Vamos ter reações descabidas em muitos momentos e algumas até justificadas. Todavia, o que está sendo implantado hoje são as rotatórias.

Não que elas sejam melhor do que deixar a pista aberta e livre; são um obstáculo que precisa ser contornado e compreendido.

Acontece que, muitas vezes, a rotatória está sendo colocada para evitar um quebra-mola ou um semáforo.

Todos os obstáculos visam organizar e melhorar o trânsito. Nenhum deles é perfeito e nenhum deles será unanimidade.

Se colocarem um quebra-molas, vou reclamar, se colocarem um semáforo, haverá muitos que vão reclamar, e se colocarem rotatórias, muitos vão achar defeitos e criticar.

Se mudarem o sentido das preferenciais vão reclamar… Se acontecer algum acidente então, Deus me livre…

Acontece que o gestor público, seja ele quem for, quer mudar o trânsito para atender as reclamações da população. A população reclama, mas, na maioria das vezes, não consegue encontrar uma sugestão plausível que seja razoável para de fato melhorar.

E se tiver, com certeza não será unanimidade.

Logo, o que está acontecendo hoje em Marechal Cândido Rondon é uma intervenção leve no trânsito, mas suficiente para despertar o descontentamento e até a ira de pessoas que não concordam com o que se propõe.

O que se propõe pode até ser questionado e certamente não é perfeição, longe disso alguém pretender ter uma fórmula perfeita. Mas a verdade é que, seja como for, haverá questionamentos, críticas e até expressões raivosas de pessoas que muitas vezes não sabem, mas se consideram sabedoras do que seria melhor fazer.

Vamos ouvir muitas reclamações, pois a reformulação está apenas começando e certamente não será possível implantá-la sem que haja algum acidente, mesmo que seja leve ou mesmo que seja provocado por algum motorista imprudente e talvez até embriagado.

O que será questionado é o modelo que estamos vendo ser implantado.

Talvez ninguém de nós, exceto os que estão fazendo a implantação do novo sistema, saiba corretamente o que será feito. Eu prefiro esperar para ver como funciona depois de algum tempo; se de fato tivermos um trânsito mais lento e mais organizado, vou ser o primeiro a reconhecer o acerto.

Todavia, se algum equívoco for constatado em algum lugar e que precisa ser reconsiderado, vou ser o primeiro a pedir a mudança.

E caso o novo sistema seja pior do que aquilo que temos hoje, se mostre na prática mais perigoso, especialmente oferecendo mais risco para os pedestres e ciclistas, vou ser o primeiro a criticá-lo.

Mas não farei isso pelo simples prazer de ter razão, primeiro quero ver como a população vai se comportar, sejam motoristas, ciclistas ou pedestres.

Acho que qualquer crítica, sem o devido conhecimento do todo, antes de vermos o sistema todo funcionando, não será uma contribuição para a melhoria do trânsito e, sim, um desabafo de quem está insatisfeito ou quem acha que tem uma solução melhor e talvez até tenha.

Melhor esperar, testar, deixar que as pessoas se acostumem com as rotatórias, que, convenhamos, são bem mais adequadas do que quebra-molas ou semáforos, e depois, sim, se de fato não der certo, pedir mudanças.

 

* O autor é jornalista e diretor do Jornal O Presente

arno@opresente.com.br

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