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Elio Migliorança

Condenados de novo?

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Os olhos dos agricultores estão voltados para o céu, clamando pela chuva redentora que permita o plantio da próxima safra, grãos que fazem a economia girar, produzem riquezas para o país e colocam o pão na mesa de todos. Angústia já vivida no ano passado, repetida agora e torcemos para que não mais nos atormente, esperançosos de que o clima volte ao ciclo previsível do passado.

Paralela a esta angustiante crise hídrica, há sobre a mesa outra questão estratégica e relevante que pode nos condenar de novo à exploração de que fomos vítimas nos últimos 24 anos. No ano de 1997 foram assinados os contratos de concessão do pedágio nas rodovias do chamado Anel de Integração. Os contatos que previam inúmeras obras foram alterados inúmeras vezes por interesse e intervenção política, através de aditivos que suprimiram obras, desfiguraram o projeto inicial e sacrificaram o Paraná e sua população, condenando-os ao pagamento dos pedágios mais caros do Brasil.

Os contratos vencem no ano que vem, mas já estão em debate as condições para a nova concessão pelo prazo de 30 anos, com aumento das rodovias e da extensão pedagiada. É, pois, urgente conhecer o projeto e acionar nossos políticos, as entidades organizadas e a população em geral para que nos organizemos, nos mobilizemos para evitar que sejamos “condenados de novo” ao pagamento do pedágio mais caro do Brasil nos próximos 30 anos. Talvez você que não tem carro pense que não tem nada a ver com isso. Engano seu! Todos aqueles que comem ou vendem algum produto estão pagando porque no preço destas mercadorias está embutido o valor do pedágio pago no transporte dos bens produzidos e consumidos.

E qual é a causa pela qual devemos lutar? Há no governo federal uma proposta para que se adote o modelo híbrido de concessão. Em que consiste este modelo? O governo federal fará um leilão das rodovias a serem concedidas, sendo que o valor oferecido terá o maior peso para a concessão, dinheiro este que vai para os cofres do governo, e em segundo plano fica quem oferecer a menor tarifa, modelo este que pode reduzir a tarifa atual em até 20%. Este modelo condenaria o povo do Paraná e todos os que utilizam estas rodovias ao pagamento de um pedágio injusto e prejudicial à economia do Estado, repetindo o mesmo erro do passado.

O modelo ideal para todos é abrir uma concorrência em que as rodovias sejam concedidas a quem oferecer a menor tarifa de pedágio, evidentemente obrigando as empresas a efetuarem as melhorias que sejam estabelecidas no contrato de concessão. É o mais justo, porque as rodovias foram construídas com o dinheiro dos nossos impostos, então o povo já pagou pela obra, e agora quem usa paga e com o lucro as empresas vão fazer as melhorias necessárias, inclusive a duplicação das rodovias que ajudarão a evitar muitas mortes.

É uma decisão estratégica que interessa a todos e que pode comprometer o futuro da próxima geração, razão pela qual ninguém pode se omitir. Todos temos a obrigação de participar desta mobilização.

Esperamos que o presidente da República, eleito com a maioria dos votos do agronegócio e maciçamente votado em nossa região, não cometa esta injustiça com a economia e o futuro da próxima geração de paranaenses. É responsabilidade de todos ajudar a escrever esta página do futuro.

 

O autor é professor em Nova Santa Rosa

miglioranza@opcaonet.com.br

 

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