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Arno Kunzler

Congresso inútil

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De modo geral, nós, a população brasileira, olhamos para Brasília e enxergamos os ilustres deputados e senadores, eleitos pelo voto, como os artífices das desigualdades patrocinadas pelos governantes durante décadas.

Mas não, a grande maioria dos deputados são inúteis e desprezíveis nas articulações das leis que saem daquela Casa e nós, brasileiros comuns, não conseguimos compreender como nossos deputados eleitos votaram isso.

É comum vermos pessoas simples e honestas serem eleitas e quando chegam lá nós achamos que elas mudaram completamente seu jeito de pensar e principalmente de agir (votar).

Ocorre que no Congresso Nacional uma meia dúzia de dirigentes, articulados pelas forças de dentro da Casa (assessores e corporações que exercem lobbys) fazem acontecer.

O resto é o resto. Ninguém consulta, ninguém presta atenção no que faz e nem o que precisa.

Bom, mas quem domina esses deputados?

Por que essa maioria insignificante não reage?

Aí é bom compreender que quem de fato manda nas instituições são aqueles que conhecem as leis e os caminhos para aprovar ou rejeitar algo…

Existe dentro do Congresso, como existe dentro dos poderes Executivo e Judiciário, uma enorme quantidade de funcionários altamente qualificados, e muitos espertalhões, que, na prática, na maioria dos casos, dizem como o deputado deve votar.
E como esse enorme contingente de pessoas altamente qualificadas age solidariamente em favor do seu próprio interesse, os nossos deputados acabam votando aquilo que interessa àquelas corporações.

Simples assim. Esse Brasil cheio de distorções, cheio de desigualdades não é fruto da vontade dos políticos, ou pelo menos da sua grande maioria.

Ele é fruto do interesse das corporações que agem para eleger os dirigentes dessas Casas, muitas vezes coniventes com os funcionários dessas Casas e depois manipulam o plenário.

Podemos até ficar bravos com os nossos deputados, mas eles certamente são os que têm mesmo força e capacidade para mudar isso.

Quem manda neles, sinceramente, não são seus eleitores. São aqueles servidores que os cercam diariamente, buzinando em seus ouvidos; são as corporações que têm enorme interesse em manter privilégios, fazendo lobby dia e noite sob forte pressão; são os grandes patrocinadores de suas candidaturas…

Talvez o povo nas ruas possa criar um ambiente de “medo” capaz de influenciar os dirigentes do Supremo Tribunal Federal, Senado, Câmara Federal, Executivo, Ministério Público, Exército e tudo mais que ao longo desses últimos anos foi construindo um ninho separado para os seus, em detrimento da grande maioria do povo brasileiro.

Mas para isso é necessário muita gente, muita mobilização, o que, sinceramente, não parece ser o caso dos brasileiros neste momento.

Para a grande maioria, a água ainda não bateu no pescoço e por isso vai se conformando, achando que um dia as coisas se resolvem sozinhas.

 

Arno Kunzler é jornalista e diretor do Jornal O Presente e da Editora Amigos da Natureza

arno@opresente.com.br

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