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Editorial

Conspiração chinesa?

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Nos últimos dias um número cada vez maior de pessoas e instituições têm levantado a possibilidade de conspiração chinesa ao supostamente criar a pandemia de coronavírus. Há textos falando dos ganhos trilionários que o governo de Pequim conquistou ao derreter as bolsas de valores ao redor do mundo. O governo comunista comprou ações a preços muito baixos, mas em pouco tempo, com as boas notícias que vêm da própria China, o mercado vai voltar ao normal, suas ações renderão e o governo se torna mais respeitado no quadro das S.A.s mundiais. Há quem fale em controle da inflação, ou ainda controle do estoque de alimentos chinês como incentivo para produzir a planetária histeria.

Vale lembrar algumas questões sobre o gigante asiático. Exceto seu território autônomo Hong Kong, a China é um país comunista. Tem quase 1,4 bilhão de pessoas (duas em cada dez pessoas no mundo moram lá). O governo de Pequim mantém em suas mãos importantes setores da economia e que interferem no dia a dia das pessoas, como o de alimentos e a mídia. Também tem participação em empresas de todos os gêneros, de tecnologia a agronegócio. As informações que chegam da China para o mundo são sempre muito imprecisas e de caráter duvidoso. Nos últimos 30 ou 40 anos, criou cidades hipermodernas, com uma indústria robusta e de vanguarda, mesmo que a custo de pouco ou nenhum cuidado com o meio ambiente e ao lado de povoados imensos que ainda comem insetos e animais peçonhentos e vivem em vilarejos que não saíram do século 19.

Nações sempre tentaram dominar umas às outras ao longo dos milênios. O Império Egípcio, o Império Romano, os Incas e os próprios chineses. Não seria uma versão moderna da China para ter um controle, ou pelo menos muito mais protagonismo, no mundo? Sob essa ótica, não é nada tão maluco que não se possa cogitar.

Nas últimas décadas a economia, o ganho e o valor das empresas (o governo tem parte em muitas) cresceram assustadoramente além do que qualquer outro país. Ou seja: ganharam muito dinheiro. E começaram a gastar. Estão investindo bilhões de dólares em ferrovias e outros sistemas de mobilidade na África, onde investidores internacionais não querem apostar seus dólares americanos. Escolas e até estádios também estão sendo erguidos fora da China. No agronegócio, estão saindo às compras, de empresa de sementes do Paraná até a potência global Syngenta, que se rendeu aos US$ 43 bilhões que a empresa ChemChina ofereceu.

Outros episódios também sustentam a teoria da conspiração de que a China está armando para o mundo. As últimas pandemias e epidemias, como a H1N1, a peste suína africana e a gripe aviária, também tiveram “foro” na China. Se sim ou se não, guerras para conquistar poder são travadas desde a antiguidade. Pode ser esse um novo modelo de ataques?

Por lá, as coisas começam a voltar ao normal, enquanto que no Ocidente a pandemia sequer chegou ao pico. Se de fato há em curso uma conspiração chinesa contra o mundo, a China pode dominar o mundo em uma guerra sem disparar um único tiro. Se esse for o caso, preocupantemente essa batalha ela já ganhou.

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