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Editorial

Corrida de lesmas

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O projeto de reforma da Previdência está sendo costurado há quase sete meses e somente agora foi votado em primeiro turno. Agora, serão até cinco sessões para que seja votado pela segunda vez, mas isso deve acontecer só no mês de agosto, devido ao “merecidíssimo” recesso parlamentar que começa amanhã (17). Para o dia 06 de agosto está prevista a nova votação. Depois disso, serão pelo menos mais dois meses de debates e mudanças, que devem, por exemplo, discutir que Estados e municípios sejam reintegrados ao projeto. Se isso ocorrer, ela volta para a Câmara dos Deputados para ser votada e, só então, entrar em vigor.

O que se pode avaliar sobre essa situação é que a trajetória em Brasília anda a passos de lesmas, especialmente por se tratar de um projeto que pretende readequar as contas públicas e dar fôlego extra ao INSS. Se tudo der certo a partir de agora, o brasileiro vai ter que esperar quase oito meses (16,6% do tempo de mandato) para ver aprovado o principal projeto do atual governo. Apesar da complexidade de tal medida, é muito tempo costurando acordos sem avanços rápidos.

Imagine que outros tantos meses serão necessários para aprovar o projeto da aposentadoria de militares das Forças Armadas, outros tantos para a reforma tributária, mais alguns para a reforma partidária, reformas que tanto o Brasil precisa. Nesse cenário, segurança, investimentos, saúde e educação ficam em segundo plano. Ou seja: pela ineficiência de parlamentares e governistas, o Brasil deixa de avançar em áreas de profunda demanda.

Todo esse tempo gasto para não decidir nada, afinal nada está decidido, é uma verdadeira afronta aos trabalhadores brasileiros. Quem trabalha sabe que a busca por eficiência e resultados é não somente uma qualidade, mas uma característica que ajuda o trabalhador a se manter no disputadíssimo mercado de trabalho.

Mas no Congresso as coisas não funcionam assim. Geralmente os deputados e com seus ricos salários e verbas pra lá e pra cá chegam para trabalhar na terça-feira e saem por volta de quinta, sexta-feira, isso quando não há feriado. Ou seja, trabalham muito pouco. Isso pode explicar em parte a demora absurda para a aprovação do projeto de reforma da Previdência – e outros que virão. Junte a isso um bom punhado de interesses pessoais e partidários para entender porque parecem lesmas travando o Brasil.

O país precisa voltar a crescer e depende de reformas estruturais, e isso passa pela boa vontade e competência técnica de seus governantes e legisladores. As reformas esperadas podem construir um ambiente mais favorável aos negócios e aos investidores, produzindo um cenário de mais investimentos, empregos, renda e crescimento econômico. O problema é ter paciência para assistir a essa corrida de lesmas.

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