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Elio Migliorança

CRUELDADE NACIONAL

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Quando a barba do vizinho pega fogo, é urgente colocar a sua num balde de água, diz o ditado popular. Há um barulho ensurdecedor se espalhando pelo mundo que traz no olho do furacão uma nova crise mundial, a qual pode sacudir todo o processo produtivo brasileiro e provocar fortes transformações que nos atingirão em cheio. Analistas altamente qualificados alertaram e continuam alertando que o governo não está preparando o país para o crescimento. Apesar da crise que se abate sobre os Estados Unidos, do alto custo da mão de obra, dos tornados e enchentes, notícias do setor produtivo dão conta que lá estão produzindo um frango mais barato que o nosso. Isto acende a luz vermelha de um setor vital para o Oeste do Paraná. Corremos o risco de perder mercados importantes. Nosso frango é estratégico para a economia regional. E a pergunta fatal: como isto aconteceu? Estamos colhendo o que nossos governantes plantaram nos últimos anos. É uma soma de fatores. Um apagão de mão de obra devido às benesses governamentais via “bolsa tudo”. Pero Vaz de Caminha disse na carta ao rei de Portugal, noticiando o descobrimento do Brasil, que aqui “em se plantando tudo dá” e hoje “em não se plantando tudo dão”. Políticas econômicas equivocadas visando sempre à próxima eleição e não à próxima geração.
Notícias dos últimos dias dão conta que os deputados e senadores ameaçam “cruzar os braços”. Talvez isso gere uma economia enorme para o país e a gente acabe descobrindo que o Congresso Nacional é igual ao carrapicho: não serve para nada. Temos uma logística de transporte do tempo do caminhão movido à lenha. Aqui, 80% do transporte é rodoviário, enquanto nos países desenvolvidos 80% do transporte é ferroviário ou aquático. E não existe planejamento para modificar esta situação em curto prazo. Não estamos investindo em ferrovias e nem em hidrovias. Nossa construção civil também está mais cara que nas terras do “Tio Sam”. Cimento virou carga preciosa. Uma carga de cimento que vai ao Rio Grande do Sul tem que ser com escolta. O país não foi preparado para o crescimento. Mesmo assim, investiremos bilhões para construir uma ilusão: a Copa do Mundo. Analistas qualificados dão conta que todos os países que já sediaram Copas do Mundo e Olimpíadas tiveram prejuízo com o evento. Lucros tiveram as federações e seus dirigentes, os clubes e as construtoras. Serão 30 dias de ilusão e festa e depois anos de ressaca e arrependimento.
Notícias vindas da África do Sul dão conta que, dos estádios construídos para a Copa do Mundo, apenas um é autossuficiente. Estou sendo chato, mas insisto neste tema. Aceitar este evento foi um equívoco e terá um custo que seria muito mais útil em outros setores. Os impostos mostram outras contradições incompreensíveis. O efeito cascata acaba penalizando o sistema produtivo que paga imposto várias vezes sobre o mesmo produto. Sabemos que o setor de saúde é crítico no Brasil. Mesmo assim é de 34% o imposto cobrado sobre medicamentos. Já o imposto sobre produtos veterinários é de 14%. Como disse Joelmir Betting, a situação é a seguinte: se você entra na farmácia tossindo o imposto é 34%, mas se você entrar latindo é 14%.  

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