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Editorial

Cuidados das 18 horas às 08h30

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O Ministério Público do Paraná acredita que, da maneira como a Covid-19 avança no Oeste – e em outras regiões do Estado – inevitavelmente o sistema de saúde público e privado vai entrar em colapso, gerando mortes por falta de assistência médica. Por isso, ajuizou ação civil pública pedindo o fechamento total das atividades não essenciais à manutenção da vida e da saúde, o chamado lockdown.

O número de casos tem aumentado consideravelmente, em especial nas maiores cidades, como Toledo, Foz do Iguaçu e Cascavel. Só na Capital do Oeste, são cerca de três mil casos confirmados de Covid-19, com 47 vítimas fatais. A taxa de ocupação de leitos de UTI, em algumas ocasiões, já chegou a 100%. Por falta de vagas, alguns pacientes de lá já precisaram ser transferidos para municípios menores, como Assis Chateaubriand.

Uma boa parte do aumento de casos pode estar ligado à falta de cuidados que as pessoas têm depois do expediente de trabalho. As denúncias de festas particulares e aglomerações se multiplicam, inclusive em Marechal Cândido Rondon. Churrascos e confraternizações que contrariam as diretrizes de distanciamento social passaram a ser graves ameaças à saúde pública.

O setor econômico se reinventou para conter o avanço da Covid-19. As empresas passaram a controlar o acesso de pessoas, muitas, como no Jornal O Presente, criaram rígidas medidas de biosseguridade, como implantação de home office, afastamento de idosos com remuneração, mensuração da temperatura de todos os funcionários duas vezes ao dia, instalações de tapetes higienizadores, disponibilização de álcool gel em vários espaços, regras para utilização de sanitários, etc.

No comércio, nada de provar roupas ou calçados. A indústria diminuiu sua produção para promover o distanciamento entre as pessoas nas linhas de produção, implantou o home office, criou canais de comunicação digitais com fornecedores e clientes, reforçou a higienização de ambientes e das pessoas. Em princípio, o que pode ser feito está sendo feito. Praticamente não se vê gente sem máscaras circulando no horário comercial.

As atenções, no entanto, precisam também ser focadas nas famílias. Os cuidados que são exigidos nas empresas também precisam ser colocados em prática entre as 18 horas e as 08h30 do dia seguinte. Caso contrário, todos os esforços que empresários e trabalhadores empregam durante o dia podem se perder durante a noite.

As pessoas já estão cansadas dessa pandemia, é verdade, mas os cuidados com ela precisam ser ainda maiores agora, quando a doença avança para o seio também de pequenas cidades. Não dá para descuidar na hora do descanso.

Não é momento de reuniões em família, de churrasquinho com os amigos, de passeios desnecessários, de sair às ruas sem necessidade. Não é hora de comemorar… ainda não. Se os empresários querem manter seus estabelecimentos comerciais abertos, se os trabalhadores querem manter seus empregos e a renda de suas famílias, é preciso repensar as atitudes que cada um toma, seja no trabalho ou fora dele.

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