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Elio Migliorança

Da glória ao futuro incerto

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Está em andamento um projeto de reestruturação de vários órgãos do Governo do Paraná, visando aumentar a eficiência e diminuir os custos da administração estadual. Experiências similares levadas a efeito no passado tiveram resultados discutíveis e, via de regra, a eficiência piorou e os custos não diminuíram. Ao contrário, há casos de resultados desastrosos.

As recorrentes reclamações dos consumidores da Copel são um exemplo claro de que a propaganda nem sempre combina com eficiência, e a prova está nas constantes piscadas ao longo do dia que infernizam a vida dos consumidores. Os órgãos estaduais inclusos no projeto para uma fusão que resultaria em um único órgão são a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), Companhia de Desenvolvimento Agropecuário do Paraná (Codapar) e o Centro Paranaense de Referência em Agroecologia (CPRA). Em nossa região, conhecemos e devemos muito do nosso desenvolvimento ao trabalho desenvolvido ao longo de várias décadas pelos funcionários da Emater, presentes no Oeste e particularmente em nosso município desde a sua criação na década de 1970.

A Emater tem um passado glorioso nesta região e deixa todos apreensivos quanto ao seu futuro, caso a fusão de fato seja concretizada. Neste passado glorioso a que me refiro está incluída e com destaque a criação do sistema de conservação de solos pelo sistema de “microbacias integradas”, criado aqui em Nova Santa Rosa pelo engenheiro agrônomo Milton Lucio Schmidt no início dos anos de 1980, sistema que se espalhou pelo Brasil. Foi uma ideia genial que salvou as terras castigadas pela erosão quando o processo de mecanização era praticado sem critérios, mais por inexperiência do que propriamente por maldade ou falta de consciência da preservação ambiental. O resultado foi o aumento de produtividade e a preservação das nascentes e dos rios da região.

Além disso, a presença da Emater através de seus técnicos ajudou a consolidar a diversificação na produção e melhorou a gestão das propriedades, favorecendo desta forma a permanência das famílias no campo e garantindo, de certa forma, a sucessão familiar na área rural. Isto posto, voltemos à questão da fusão proposta pelo Governo do Estado. Se um órgão é ineficiente você muda o modelo de gestão e estabelece metas, atribuindo-lhe um compromisso com os resultados esperados. Se uma das questões é a existência de várias estruturas na mesma cidade para abrigar órgãos da administração estadual, a solução pode ser a instalação dos vários órgãos no mesmo espaço, sem necessariamente colocar todos sob o mesmo comando.

Os mais afoitos defensores da administração estadual podem argumentar que estou indo contra o bom senso já que a gestão eficiente passa pela reestruturação das instituições. O projeto apresentado pretende a criação de um novo órgão e aí o risco do comando cair na mão de um político frustrado que não se reelegeu e acabar transformando o glorioso passado num futuro deplorável.

A eficiente agricultura do Estado do Paraná espera daqueles que vão tomar esta decisão estratégica que saibam a diferença entre uma jaca e uma cebola, garantindo assim a permanente construção de uma agricultura eficiente, produtiva e inovadora.

 

O autor é professor em Nova Santa Rosa

miglioranza@opcaonet.com.br

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