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Elio Migliorança

DA ROBUSTA PARA A FRÁGIL DEMOCRACIA

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No capitalismo a prioridade é o lucro, aqui as prioridades são as pessoas e o mais relevante é o bem-estar social. Esta foi a frase de boas-vindas ao entrarmos na Suécia. E disseram ainda que lá homens e mulheres possuem os mesmos direitos e salários. O ser humano é individualista, mas aqui o comunitário prevalece sobre isto. Os países nórdicos são considerados os países mais bem administrados do mundo. É uma questão cultural.

Segundo os suecos, lá existe o meio termo entre o sistema socialista e capitalista. Na crise de 2008, a Islândia e a Finlândia foram os únicos países do mundo que condenaram os banqueiros pelo golpe que desencadeou a crise mundial e os meteram na cadeia. Incrível foi saber que os projetos são cumpridos rigorosamente dentro do prazo, pelo valor da concorrência pública.

Até 2015 lá estava o maior túnel do mundo, 24,5 quilômetros. Construído de 1995 a 2000 por 130 pessoas, custou 125 milhões de euros, exatamente o valor constante no edital de licitação, ligando as cidades de Laerdal e Aurland, a caminho da Suécia. Foi entregue no prazo e sem aditivos no valor.

A carga fiscal na Suécia é elevada, mas você paga e tem a certeza do melhor atendimento em todas as áreas, serviços públicos de primeira e gratuitos, pois você já os pagou no imposto, inclusive a aposentadoria. Lá as coisas são levadas muito a sério ou o responsável por um golpe passará o resto de seus dias na cadeia.

Um parêntese para falar das tomadas elétricas. Preocupado com recarga de baterias levei vários adaptadores universais. A maior surpresa foi verificar que em todos os países visitados o sistema usado é aquele de dois pinos, anterior ao que utilizamos agora que se tornou padrão e obrigatório no Brasil, fruto da ideia de algum iluminado que num dia de diarreia mental criou um sistema que só é utilizado no Brasil. Alguém ganhou muito dinheiro com isso e tal fato é suficiente para colocar o inventor maluco no xilindró para curtir o resto de sua vida.

Há muitas outras coisas notáveis a falar da Suécia, inclusive sobre o cooperativismo, tema que pesquisei e será tratado posteriormente com valiosas informações sobre como funcionam as cooperativas no primeiro mundo, especialmente as de crédito, mostrando como ao longo do tempo um projeto puro foi contaminado pelas safadezas do mercado e dos seus dirigentes.

Da Suécia passamos para a Estônia, região que integrava o império russo antes da 1ª Guerra Mundial. Entre as duas guerras mundiais tornou-se independente e viveu um período de democracia, mas após a 2ª Guerra Mundial foi ocupada pela Rússia novamente até 1991, quando conseguiu sua independência. A partir de 2004 passou a fazer parte da União Europeia.

Há na praça central de Talin, sua capital, uma enorme cruz de vidro para simbolizar a fragilidade da democracia. Talin é um encanto. Hospedar-se no Hotel Viru foi uma surpresa. Construído na década de 70, o mais luxuoso do país servia para hospedar as delegações estrangeiras que visitavam a União Soviética. Todos os hóspedes eram vigiados e gravados por câmeras escondidas no prédio. Afirmam que foi construído com “microcimento”, isto é, microfones escondidos no cimento. Viajar é viver e aprender. Em breve saberemos como tudo terminou.

 

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