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Elio Migliorança

DAS COISAS INCOMPREENSÍVEIS

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Há muitas coisas incompreensíveis no comportamento das pessoas, na interpretação e nas exceções permitidas por certas leis. Esforço-me, mas não consigo entender a razão ou os “porquês” das atitudes de algumas autoridades e parte da população. Refiro-me primeiro ao sistema prisional no Brasil. Os presídios estão superlotados, a vida na prisão é “bicho feio” e por isso não recupera ninguém. Um fato mostrado semana passada vem provar o contrário. A vida na prisão deve ser ótima. A mídia mostrou o momento em que o prisioneiro Salvatore Cacciola deixou o presídio de Bangu, no Rio de Janeiro. Condenado a 13 anos de cadeia, cumpriu três e está na rua. O interessante é que saiu corado, bem nutrido, com jeito de quem está acima do peso normal. A comida nos presídios deve ser ótima, porque ele parecia estar saindo de um hotel quatro estrelas.
Outra enganação é o tempo de prisão. Há condenações de 120 anos, mas a pena máxima no Brasil é 30 anos e quando o prisioneiro cumpriu um sexto da pena pode voltar para casa. Caso do Sr.Cacciola.
O segundo fato é a faxina ética em andamento no governo federal. Parlamentares de oposição estão dando o maior apoio à presidenta Dilma para que continue, enquanto a situação se nega a colaborar e ameaçou paralisar o Congresso Nacional se o Executivo insistir nas demissões. Há situação mais incompreensível do que essa? A “base” do governo pede o fim da faxina em nome da governabilidade. A que ponto chegamos? É necessário deixar a corrupção correr solta para que os parlamentares façam seu trabalho? Precisamos legalizar a corrupção? E eu achei que já tinha visto tudo, que nada mais me surpreenderia? Até o faraó do Maranhão, um tal José Sarney, declarou isto na TV em horário nobre.
O terceiro fato diz respeito ao nosso perfeito, mas mal aplicado Código de Trânsito Brasileiro. Quando aprovado, tínhamos a esperança de que os “assassinos do trânsito” finalmente seriam punidos exemplarmente e muitas vidas seriam poupadas. Engano seu. A lei prevê penas rígidas para quem dirigir embriagado. Mas na hora da abordagem policial, o cidadão simplesmente se recusa a fazer o teste do bafômetro. De que adianta uma lei perfeita se o infrator pode negar-se a fazer o teste? Inclusive autoridades que deviam dar o exemplo usam esta válvula de escape. E a pontuação na carteira? Quantos há que possuem duas ou três vezes o máximo permitido de 20 pontos? Com toda a informatização do sistema de trânsito, porque o Detran não repassa à polícia de cada Estado a relação dos que somaram 20 pontos para a apreensão da carteira? Por causa destas e muitas outras “brechas” nas leis é que as pessoas continuam morrendo nas estradas do Brasil.
O tema seguinte também está ligado ao sistema rodoviário. Notícias recentes dão conta da construção da segunda ponte sobre o Rio Paraná, em Foz do Iguaçu. Com uma já não damos conta do controle dos contrabandos. Que será quando tivermos duas? Aliás, por que uma segunda ponte? Será para favorecer a importação de mercadorias pelos “sacoleiros”? Não seria mais barato criar uma zona franca do lado de cá do rio, criando assim milhares de empregos para os brasileiros?

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