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Dom João Carlos Seneme

De graça recebestes, de graças deveis dar

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O Evangelho deste domingo nos propõe uma séria reflexão sobre os valores que fazem parte do Reino de Deus: humildade, gratuidade e o amor desinteressado.

O contexto é um jantar na casa de um fariseu. Ali Jesus presta atenção no comportamento das pessoas e não se intimidada em criticar os convidados que procuram os primeiros lugares e, inclusive, em sugerir a quem o convidou quais pessoas deverá convidar na próxima vez: “Não convides teus amigos, nem teus irmãos, nem teus parentes, nem teus vizinhos ricos. Convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos. Estes não têm como retribuir”.

As palavras de Jesus vão além de normas de boa educação ou etiqueta social, ele se refere ao banquete final onde nos encontraremos com Deus face a face e ali teremos que prestar contas do que fizemos com nossas vidas, nossas escolhas e nosso comprometimento com o Reino de Deus.

Jesus conclui a parábola dizendo que todo aquele que se exaltar será humilhado, e todo aquele que se humilhar sobre exaltado. O que significar humilhar-se? A resposta se encontra em Jesus. Ele se abaixou, desceu: não com palavras, ou com sentimentos, mas com fatos. Tudo começou quando Jesus assumiu nossa condição humana, deixando de lado seu ser divino e humilhando-se e sendo obediente até a morte (Fl 2,6-8). Sempre foi coerente com esta escolha. Na Última Ceia, abaixa-se para lavar os pés dos discípulos, comporta-se como aquele que serve. Foi até o extremo do amor na cruz. Depois o Pai vem para resgatá-lo e estabelecê-lo como Rei do Universo. É assim que Deus realiza a sua Palavra: aquele que se humilhar será exaltado. Ser humilde significar ter os meus sentimentos de Jesus, comportando-se como Ele se comportou.

Humildade é disponibilidade para descer de nossos pedestais, ir ao encontro dos irmãos, abaixando-se, sem medo; é vontade de servir por amor, não por algum cálculo ou vantagem. Acima de tudo, é gratuidade, como diz o evangelho a respeito de convidar para o banquete aqueles que não podem retribuir. Ser humilde, segundo o modelo de Jesus, significa perder-se, gastar-se gratuitamente; não viver para si mesmo, mas para os outros, procurando elevar os que vivem arrastando-se.

Os sinais do Reino que hoje Jesus chama a atenção – humildade, gratuidade e amor desinteressado – aparecem como antítese mais radical da sabedoria do mundo: o evangelho nos obriga a olhar o outro lado. O mundo exalta o orgulho, a subida, não a descida, fazer caminho às custas dos outros, não ceder aos outros. Jesus nos desafia a colocar as nossas forças à disposição dos mais fracos e viver o amor até as últimas consequências. O caminho não é fácil, porém é possível. Jesus nos deu o exemplo!

Diz o Salmo 130: “Senhor, meu coração não é orgulhoso, meu olhar se eleva arrogante o meu olhar; não ando à procura de grandezas, nem tenho pretensões ambiciosas. Ao contrário, fiz calar e sossegar a minha alma; ela está em paz dentro de mim, como a criança bem tranquila, amamentada no regaço acolhedor de sua mãe. Confia no Senhor, agora e para sempre”.

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