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Elio Migliorança

DEMOCRACIA COMUNISTA

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Em 1984 um jovem professor de História teve a rara oportunidade de visitar um país comunista, ousadia, pois aqui o comunismo era definido como a porta de entrada para o “vale do sofrimento”. Visitava a Hungria, um país “satélite de Moscou”, expressão usada para definir os países dominados pelo comunismo soviético. O regime era brutal, o cerceamento à liberdade era total, tudo controlado pelo Estado e o líder do partido comunista centralizava todos os poderes, inclusive sobre a vida e a morte dos cidadãos. Por causa disso muita gente morreu, os primeiros foram os adversários políticos e depois todos os que ousavam discordar do governo.

O comunismo seria bom se tudo fosse de todos com direitos e deveres iguais. Acontece que no regime comunista só a teoria funcionou, pois, após a tomada do poder, uma classe dirigente enriqueceu enquanto a maioria da população foi perdendo direitos e viu o fruto do seu trabalho ser devorado pelo partido e pelos novos “donos do país”. Todas as imagens e o aprendizado de então estão voltando à tona 31 anos depois. E quais as razões do ressurgimento daquelas imagens? Simples, observo que no Brasil temos um regime democrático cada dia mais parecido com aquele regime comunista.

Em resumo uma democracia comunista, pois temos uma classe dirigente que tudo pode, que vive uma vida “nababesca”, moram nos palácios, recebem altos salários e ainda, não contentes com isso, montam ardilosos esquemas de corrupção, cujos valores não cabem em simples calculadoras. Aprovam as leis que querem e respeitam as que lhes interessa. Os brasileiros que estão concluindo sua declaração do Imposto de Renda precisarão de muita terapia para vencer a depressão pós-declaração, estado de espírito daqueles que terão a sensação de terem sido roubados mais uma vez.

A nossa presidente, que só permitiu 4,5% de correção da tabela do Imposto de Renda, ao invés dos prometidos 6,5%, assinou a lei aumentando o fundo partidário em 300%, o qual subiu de R$ 300 milhões para R$ 900 milhões. É que o fundo partidário vai para a elite dirigente, no caso os políticos e seus partidos, mas tudo pago com o suado dinheiro dos nossos impostos. No Paraná não é diferente. Aí está Beto Richa, eleito pelas mentiras que contou aos eleitores, que, unido a um grupo que também traiu seus eleitores, consegue aprovar o que quiser, desde que o deles esteja garantido, pois quem vai pagar a conta somos nós. Há muitas décadas não se via um início de ano bagunçado como o que estamos assistindo no Paraná, e com isso Beto Richa e seus fiéis deputados, que voltaram as costas ao povo que os elegeu, vão enterrando suas biografias no lamaçal da traição e da vergonha.

A estupidez da semana ficou por conta dos deputados que formam a CPI da Petrobras virem para Curitiba interrogar os presos da Lava Jato. Deixem o juiz Sergio Moro fazer seu trabalho e vão cuidar da sua função. Ou alguém já viu alguma CPI prestar para alguma coisa? E quando estou concluindo este texto, a imagem disparada nos meios de comunicação é a da Assembleia Legislativa do Paraná cercada pela polícia. Mas essa não é a casa do povo? Ou será que tem bandido lá dentro? Mas não desanimemos, não há mal que dure para sempre e nem causa perdida que não possa ser revertida, apesar dos políticos de temos.

 

* O autor é professor em Nova Santa Rosa

 

miglioranza@opcaonet.com.br

 

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