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Arno Kunzler

DEPOIMENTO OPORTUNO

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A propósito de longos e desgastantes debates sobre direito dos idosos, seja com passagens grátis, filas especiais, vagas especiais nos estacionamentos etc., tenho uma visão um pouco diferente do que muitas pessoas, que, a exemplo de mim, já conquistaram esse direito por lei.

É bem verdade que o Estado criou o limite de idade, ainda que questionável, mas teria que ser uma idade, então 60 anos passa a ser considerado “idoso” com alguns direitos adquiridos.

Nesse caso, todos têm o mesmo direito, por lei, já que a lei não pode diferenciar as pessoas.

Mas, convenhamos, aí entra uma questão chamada de “bom senso”.

É justo um indivíduo de 60 anos, que joga futebol duas ou três vezes por semana, frequenta academia e tem força para levantar até 200 quilos com as pernas se beneficiar de fila especial nos bancos e vagas especiais nos estacionamentos?

Eu particularmente acho isso algo meio fora do normal.

Essas vagas devem ser reservadas para pessoas que realmente necessitam disso, que pela idade avançada ou por alguma deficiência não podem caminhar e carregar mercadorias a uma distância maior.

O bom senso indica que um dia todos nós vamos precisar delas, mas um dia, quando deixarmos de jogar futebol, deixarmos de frequentar academias e tivermos realmente dificuldades para nos locomover a distâncias maiores. Então, nesse dia, quero fazer uso desse direito que já tenho hoje.

Mas, sinceramente, além de não me sentir com a necessidade de usar esse espaço, também ainda não me sinto confortável, nem um pouco confortável, especialmente sabendo que logo depois de mim pode vir alguém que realmente precisa dessa vaga, e não terá.

Então, respeitando as opiniões diferentes, respeitando a legislação que precisa ser para todos, acho que a sociedade precisa ter bom senso.

Usar as vagas especiais sem necessidade apenas porque se alcançou a idade parece uma interpretação questionável daquilo que o bom senso nos reserva.

Um dia todos queremos e podemos precisar, mas enquanto não precisamos, deveríamos ter orgulho de não precisar usar, deixar para quem de fato precisa.

Ou então, para quem precisa mais do que um sessentão inteiraço, cheio de saúde.

 

 

* O autor é jornalista e diretor do Jornal O Presente

 

arno@opresente.com.br

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