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Elio Migliorança

DEPUTADO NELSON JUSTUS

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Em 12 de outubro de 2009 o senhor escreveu um brilhante artigo intitulado “Ninguém está acima da Constituição”, no qual criticava as invasões promovidas pelo Movimento dos Sem Terra (MST), e também a falta de providências das autoridades constituídas para coibir tais crimes, no que estamos plenamente de acordo, pois quem tem um mínimo de bom senso concorda com isso. Inclusive, o senhor afirmou que cabe sim às autoridades providências. E disse mais: “a quem comete crime em desrespeito ao Estado de direito, as barras da Justiça”. Lembro também de outra frase genial de sua autoria naquele texto: “respeitar quem produz é homenagear a Constituição do Brasil. E nenhum cidadão brasileiro está acima da Constituição, não importa a cor da roupa que use”.
O senhor não me conhece, pois eu moro no andar térreo deste prédio chamado Brasil, e nem sempre as pessoas dos andares de cima olham para baixo. Pois é, sou professor e levei o seu artigo para debate na aula de Sociologia. Entre as muitas perguntas surgidas, três delas foram maiúsculas: afinal, o autor do artigo não é o presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Paraná? Então, o que é que ele fez, como maior autoridade estadual do Poder Legislativo, portanto representante do povo no parlamento, quando o arrogante governador Roberto Requião deixou de cumprir um sem número de ordens judiciais de reintegração de posse das áreas invadidas pelo MST? Nossa Constituição não possui nenhuma espécie de enquadramento para chamar à responsabilidade uma autoridade que deixa de cumprir uma ordem da Justiça?
Nunca ouvimos dizer que a Assembleia Legislativa tenha feito algo para evitar este clima de impunidade às ações ilegais do MST, justamente a organização que o senhor exorciza naquele artigo, e com muita razão porque o sentimento de impotência dos proprietários diante das invasões se potencializa pela proteção das autoridades do Estado, e nelas o senhor está incluído, no mínimo omisso por nada ter feito como poder fiscalizador que é e de quem a população esperava uma providência.
Isto passado, agora surge outro tema não menos arrasador. A Assembleia Legislativa do Estado do Paraná editou Diários Oficiais falsos para legalizar contratações que ficaram escondidas do público, aquele que paga a conta. Senhor presidente, quem consegue o maior cargo do Poder Legislativo do Estado, de bobo não tem nada. Portanto, todas as “maracutaias” ocorridas na Assembleia Legislativa são um atestado da incompetência ou má-fé de quem é o responsável pela gestão daquele poder.
Como é possível acreditarmos que o senhor não sabia o que acontecia debaixo do seu nariz? E se sabia, como desculpar tamanha má-fé, que custou milhões do suado imposto que pagamos aos governos? Com toda a tecnologia que possuímos, acha que alguém acredita que não é possível controlar e saber quem são os funcionários, quanto recebem e onde estão lotados?
Diários Oficiais frios são crime. Corrupção é crime. E usando uma frase sua, encerro dizendo: “nenhum cidadão brasileiro está acima da Constituição, não importa a cor da roupa que use”, e nem o cargo que ocupa.

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