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Dom João Carlos Seneme

Deus amou tanto o mundo que deu o seu Filho Único

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Neste domingo (14) celebramos o 4º Domingo da Quaresma, que é tradicionalmente chamado do “Domingo da Alegria”. Estamos bem próximos de celebrar a centralidade de nossa fé cristã: o Tríduo Pascal: “Deus amou tanto o mundo que lhe deu o seu Filho único; todo aquele que quer nele terá a vida eterna”.

A antífona de entrada nos introduz na dinâmica da alegria: “Alegra-te, Jerusalém! Reuni-vos, vós todos que a amais; vós que estais tristes, exultai de alegria. Saciai-vos com a abundância de sus consolações” (Is 66,10).

Estamos na metade da quaresma e podemos já experimentar a alegria que virá plenamente na Páscoa. Jesus é a luz que ilumina as trevas; luz que nos conduz a Deus: “Quem age conforme a verdade aproxima-se da luz, para que se manifeste que suas ações são realizadas em Deus”. Para experimentar esta alegria é preciso acolher Jesus como nosso Salvador.

Nicodemos é apresentado como discípulo da noite porque se encontrava com Jesus sempre durante a noite, talvez porque não quisesse comprometer sua posição diante da sociedade judaica. No diálogo com Nicodemos, Jesus revela sua missão e aguarda uma resposta: acreditar n’Ele e ter a vida eterna, ou recusar e escolher as trevas. Nicodemos chega de noite, arrogante e seguro de si. No transcorrer da conversa ele se torna um silencioso ouvinte da palavra. Só quem escuta pode acolher o mistério que torna possível a passagem das trevas à luz.

A justiça de Deus é a cruz de Cristo: Ele, inocente, morreu como ímpio para que o ímpio não morresse. A justiça de Deus se chama Jesus Cristo crucificado. Jesus é dom de Deus para a humanidade. Ao ser levantado na cruz, Jesus tomou tudo para si, deste modo, foi condenado e colocado na cruz tudo o que põe em risco a vida humana, sua felicidade e salvação. De agora podemos contemplar somente o amor de Deus manifestado na cruz.

A cruz de Cristo indica a passagem da humanidade das trevas à luz, porque através deste amor a história mais tortuosa e tenebrosa pode ser iluminada e compreendida. Não somos capazes de compreender este gesto de Deus. É um mistério que só podemos acolher como dom. Sabemos que o ser humano pode escolher as trevas: “Quem n’Ele crer, não é condenado, mas quem não crê, já está condenado”!

O seguidor de Jesus não foge do mundo, mas procura descobrir os sinais de esperança que existem no mundo; um olhar contemplativo marcado pela ternura, pela compaixão que estabelece relações solidárias e fraternas.

A cruz, com seu mistério fascinante e tremendo, com seu mistério sempre maior, não só é fonte de salvação eterna, mas princípio de um modo novo de experimentar os acontecimentos da vida com os olhos de Deus.

Não podemos venerar a Cruz e adorar o crucificado dando as costas ao sofrimento de tantos seres humanos destruídos pela fome, miséria e exclusão. Se ao contemplar o rosto do crucificado nos esquecemos das vítimas, seja qual for sua raça, cultura ou religião, então é que nosso olhar não é o olhar da fé (padre Adroaldo).

 

O autor é bispo da Diocese de Toledo

revistacristorei@diocesetoledo.org

 

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