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Dom João Carlos Seneme

Deus está presente onde há fraternidade e perdão

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O evangelho deste domingo (06) mostra como a comunidade de Jesus vive a fraternidade entre eles em vista da fidelidade ao projeto de Deus. A comunidade de Jesus é uma comunidade normal, onde há tensões entre os diversos grupos e problemas de convivência: há irmãos que se julgam superiores aos outros e que querem ocupar os primeiros lugares; há irmãos que tomam atitudes prepotentes e que escandalizam os pobres e os débeis; há irmãos que magoam e ofendem outros membros da comunidade; há irmãos que têm dificuldade em perdoar as falhas e os erros dos outros.

O texto nos apresenta um “modelo” de comunidade para os cristãos de todos os tempos: a comunidade de Jesus tem de ser uma família de irmãos e irmãs, que vive em harmonia, que dá atenção aos pequenos e aos débeis, que escuta os apelos e os conselhos do Pai e que vive no amor.

Neste ambiente comunitário, Jesus exorta seus discípulos à prática da correção fraterna que deve ser associada à caridade. A comunidade se destaca por estar reunida ao redor de Jesus, por isso é uma comunidade movida pela fé: “Pois onde há dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles”.

A correção fraterna nunca será fácil de ser exercida e a sua prática exige que as pessoas vivam uma verdadeira dimensão fraterna, feita de estima, confiança, respeito, afeto sincero e amizade, buscando o mesmo ideal: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmos”.

Reunir-se em nome de Cristo é criar um espaço para viver a vida inteira em torno dele e a partir do seu horizonte. Um espaço espiritual bem definido, não por doutrinas, costumes ou práticas, mas pelo espírito de Jesus que nos faz viver como ele viveu.

Nossas fraquezas e debilidades não devem ser empecilhos para caminhar juntos na direção do amadurecimento de nossa fé. Quando assumimos nossas diferenças como riqueza, com suas alegrias e tristezas, mas unidos pelo mesmo ideal, nos sentimos mais fortes e tolerantes uns com os outros.

O amadurecimento da fé é associado ao crescimento humano. Por isso nossa preocupação deveria ser cuidar, consolidar e aprofundar em nossas comunidades e paróquias este espaço dominado por Jesus. A renovação da Igreja começa no coração de dois ou três que se reúnem em nome de Jesus.

Na comunidade cristã somos responsáveis uns pelos outros. Amar alguém é não ficar indiferente quando ele faz mal a si próprio; por isso, amar significa, muitas vezes, corrigir, admoestar, questionar, discordar, interpelar. Que a atitude de correção fraterna não seja guiada pelo ódio, pela vingança, pelo ciúme, pela inveja, mas seja guiada pelo amor. A lógica de Deus não é a condenação do pecador, mas a sua conversão; e essa lógica devia estar sempre presente, quando nos confrontamos com os irmãos que falharam.

 

O autor é bispo da Diocese de Toledo

revistacristorei@diocesetoledo.org

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