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Editorial

Dias pesados

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Quando no começo de fevereiro vimos notícias de que um hospital com mil leitos foi construído em dez dias em Wuhan, cidade chinesa onde começou a epidemia do novo coronavírus, paramos para ler e ver. As imagens do canteiro de obras ocupado por centenas de tratores e milhares de trabalhadores que se revezaram em três turnos de trabalho impressionavam.

Dois meses depois, começo de abril, cá estamos, e parece que aquelas imagens que vimos lá em Wuhan e semanas depois em outras cidades mundo afora, com construção de hospitais, adaptação de espaços para atendimento médico entre outras ações do gênero, estão cada vez mais perto, mais próximas da nossa realidade.

Dias atrás eram hospitais de campanha sendo montados em municípios do Paraná. Nesta semana, um vídeo feito pela Prefeitura de Cascavel mostrando a montagem de um hospital de campanha por lá tocou de alguma maneira. É como se as cenas do que vimos principalmente da Itália e da Espanha se transportassem para cá fazendo a gente se questionar: será isso tudo necessário? Será que daqui a pouco esses leitos aí estarão mesmo ocupados por pacientes em estado grave devido à Covid-19?

É uma mistura de medo e receio entremeio à incerteza!

De repente, até Marechal Cândido Rondon vai contar, em poucos dias, com um hospital de campanha. Alguém imaginou isso algum dia?

A estrutura está sendo montada a todo vapor para ser usada no tratamento de pacientes com sintomas mais severos de coronavírus.

Muitos se questionam: será preciso?

Não sabemos!

É necessário o município investir cerca de R$ 320 mil na adaptação do espaço e ter gastos mensais para manutenção de aproximadamente R$ 575 mil?

Seria melhor que não. Oxalá o município não tenha casos graves da doença!

Mas e se tiver?

Possivelmente quem precisar de atendimento ou tiver alguém da família que necessite vai achar que o investimento foi válido.

Num momento de tantas dúvidas, é melhor pecar pelo excesso do que pela falta.

As autoridades de Saúde rondonenses não sabem dizer se as projeções feitas a partir de dados de realidades de outras cidades de fato vão se concretizar, nem sobre como será a evolução da patologia, muito menos se o município terá, e quando terá, de fato um pico significativo de coronavírus. Todavia, diante do incerto e do inesperado, é preciso estar preparado.

Essa doença pegou o mundo de surpresa e deixou as lideranças meio sem rumo. Ninguém sabe muito bem como lidar com ela. Tenta-se e busca-se fazer o melhor.

Há certo? Há errado? Depende do ponto de vista.

Não sabemos de fato se o que vimos lá fora será realidade aqui e nem se o que está sendo feito será necessário ou suficiente. As dúvidas seguem persistindo.

Ainda assim, em tempos de incertezas, deixemos as críticas, o ódio, o rancor político, esses sentimentos ruins mais de lado para dar espaço a ares mais inspiradores e motivadores.

Os dias estão pesados e os próximos meses não serão diferentes diante do atual cenário vivido aqui e no Brasil inteiro. Os efeitos de todo esse processo já começam a ser sentidos e causam desconforto, tensão, preocupação, angústia…

A vida não está fácil e vai piorar, para empregados e empregadores, ao menos para a maioria desses públicos.

Mas lamentar, brigar, discutir, destilar raiva porque o comércio fechou, porque o comércio abriu, porque o governador fez isso, porque o presidente não fez aquilo não vai adiantar. O cenário é esse, e ponto.

Estamos de mãos atadas… Nas mãos de quem tem o poder de decisões. E são muitos…

Talvez o momento agora, mais do que nunca, seja de recomeço. E quem já não recomeçou de alguma forma em algum momento da vida?

Indiferente da posição que estiver, patrão ou funcionário, se for preciso, teremos que renascer, nos reinventar.

Pensemos nisso e foquemos nossos pensamentos no que podemos fazer de melhor daqui para frente. Deixemos o pior um pouco de lado. Ao invés de pensar tanto nos problemas, vamos canalizar nossas energias em soluções.

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