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Elio Migliorança

Diferente por quê?

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Estamos em fase de definições de candidaturas estaduais e federais, e no processo de costuras, conchavos e jogo de interesses vale quase tudo, mas candidatos olham com preocupação para o eleitorado e sabem que esta parada não será moleza pra ninguém.

Em recente entrevista, um pré-candidato afirmou que esta será uma eleição diferente das eleições passadas, que o eleitor vai poder analisar a força de trabalho e a dedicação de cada um dos candidatos, e que os olhos da lei estarão estendidos sobre toda a sociedade e sobre os candidatos, cuidando para que todos tenham a mesma oportunidade e igualdade na busca pelos votos. E a frase mais emblemática foi esta: “não adianta reclamar da falta de saúde, do saneamento, da falta de infraestrutura, quando você tem uma ferramenta na sua mão, que é o título de eleitor”.

Na minha opinião, esta eleição será diferente das demais por conta do alto grau de conscientização e do espírito crítico dos cidadãos que nos últimos anos acompanharam o desnudamento de lideranças políticas e empresariais que sempre se apresentaram à sociedade como o suprassumo da decência, honradez e conduta ilibada. A partir da Operação Lava Jato, os “santinhos do pau oco” foram desnudados e os eleitores estarrecidos tiveram uma panorâmica do lamaçal instalado nas altas esferas da República, abrangendo o Executivo, o Legislativo e o Judiciário.

Com a imprensa cumprindo um decisivo papel de protagonista na divulgação dos processos em andamento e exercendo um papel investigativo relevante, não permitiu-se que processos fossem esquecidos nas gavetas empoeiradas das instâncias superiores do Judiciário, atingindo em cheio partidos e lideranças que durante décadas controlaram o poder neste país.

As mídias sociais tiveram papel estratégico, quebrando o monopólio da comunicação e levando os fatos a todos os quadrantes nacionais. Ficaram em evidência os efeitos da politização do Supremo Tribunal Federal (STF), no qual existem várias correntes ideológicas, pois cada ministro decide conforme sua própria concepção, contrariando as decisões tomadas pelo colegiado do próprio STF. Nada mais absurdo e ilógico do que viver esta insegurança jurídica.

Também cresceu a rejeição às oligarquias que dominam a política durante várias décadas fazendo com que ganhe musculatura a ideia de acabar com o carreirismo político, evitando reeleger políticos de muitos mandatos consecutivos. O movimento pelo voto em branco e pela abstenção atingiu um patamar expressivo, prevendo uma avalanche de votos brancos ou de abstenções, o que não é nada saudável para a democracia.

Diante deste terremoto provocado pela Operação Lava Jato, tem razão o candidato ao vislumbrar uma eleição diferente das demais já realizadas. Teremos um eleitor mais crítico, que vai cobrar mais e estará atento às promessas, vasculhará o passado dos candidatos para assegurar-se de estar votando em alguém ficha limpa. Os políticos colhem o que semearam ao longo dos anos e hoje um eleitor politizado e atento tentará separar o joio do trigo na seara política, tentando iniciar um processo de purificação na gestão pública.

Se isso vai se confirmar, só após a abertura das urnas saberemos, mas que existe a esperança de entregar o país em mãos mais confiáveis, isso realmente é verdade.

 

O autor é professor em Nova Santa Rosa

 

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