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Arno Kunzler

Dinheiro para saúde

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Já é hora de aprofundar estudos no sentido de criar um sistema de saúde que funcione. Primeiro que tenha dinheiro, segundo que possa ser bem gerenciado. Hoje não temos um, nem outro.
Temos um sistema sem dinheiro para pagar os serviços e com isso obviamente sem capacidade gerencial, pois não se pode pedir para médicos e enfermeiros trabalharem por favor.
Mas, algumas vezes, surgem ideias que poderiam contribuir com o nosso sistema de saúde pública, se fossem bem aplicadas ou se a saúde pública fosse levada a sério.
Talvez essa seja a maior vergonha a que são submetidos grande parte dos brasileiros todos os dias.
Uma das alternativas é retornar a CPMF, coisa que os contribuintes já mostraram que são contra e os políticos também.
Nesta semana uma reportagem trouxe à tona um fato que já foi várias vezes motivo de reportagens neste jornal. Recentemente, os médicos Dietrich Seyboth e Milton Berbicz fizeram um alerta para o perigo das motos pilotadas por jovens despreparados técnica e psicologicamente.
Jovens que aparecem nas madrugadas de sábado, principalmente, alguns já sem vida, outros com ferimentos generalizados e outros com marcas que jamais lhes permitirão retomar suas vidas.
Uma reportagem televisiva nesta semana apontou dados que são estarrecedores. Cada acidentado de moto em São Paulo custa ao governo, em média, R$ 25 mil. No resto do Brasil não deve ser diferente. De cada dez leitos de UTI, três são tomados permanentemente por acidentados.
Sem entrar no mérito de quantos são os acidentes em Marechal Cândido Rondon, no Paraná ou no Brasil, sabemos que esses números precisam servir para mais do que uma simples estatística.
Se é tão grande o número de motociclistas que sofrem acidentes, grande parte por imprudência dos próprios, o que poderia ser feito para mudar esse quadro?
Ora, campanhas de conscientização, aprendizado nas escolas, multas e até perda das carteiras são medidas importantes, mas não pagam as despesas hospitalares.
Quem paga a conta desta imprudência, e que não é só dos motociclistas, é também de muitos motoristas de carros, é o povo, a sociedade.
Quem precisa de médico e não consegue, acaba sendo vítima daqueles que não precisariam e estão lá lotando os hospitais e as UTIs. Então, que tal uma ideia para ser digerida, quem sabe debatida nos próximos anos: por que na hora do cidadão comprar uma moto ou um carro ele não paga um taxa adicional para custear os acidentados?
Por que na hora de pagar o imposto – o IPVA – quem se envolveu em acidente com culpa não deve pagar uma taxa adicional para ressarcir parte das despesas que provocou?
As seguradoras não fazem assim, quando um veículo que não se envolve em acidente durante algum tempo, tem consideráveis descontos na hora de renovar o seguro?
As empresas que vendem esses produtos, fábricas e afins, todos afinal que ganham dinheiro enchendo as ruas de motos e veículos, deveriam ser chamadas a contribuir com um fundo para sustentar os acidentados no trânsito. Assim, os que ganham dinheiro vendendo carros e motos, os que de forma costumeira se envolvem em acidentes pagariam, ou pelo menos ajudariam a pagar as despesas que o Estado tem com seus acidentados.
Não seria uma forma mais justa de dividir as despesas desse imenso saco sem fundos que é a saúde pública?
Não seria uma forma de fazer motoristas e motociclistas ficarem mais atentos, pois, além da dor física, sentiriam também no próprio bolso o dano que causaram a si próprios e aos outros?
Na verdade não existem soluções mágicas e nem soluções que não gerem grande polêmica, mas essa parece justa e oportuna diante da crescente onda de violência e da imprudência quase generalizada que vemos nas ruas, especialmente das maiores cidades.
Quem por engano ou imprudência comete um acidente, ajuda pagar a conta.
Quem ganha muito dinheiro produzindo motos e veículos, ajuda pagar a conta.
É assim em outros setores, por que não pode ser assim no trânsito?

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