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Editorial

Dois Brasis

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O resultado do primeiro turno das eleições para presidente da República mostra uma real divisão entre os brasileiros. De um lado, Norte e Nordeste, especialmente este, que são as regiões mais pobres e carentes de serviços públicos, apoiam o candidato do PT, Fernando Haddad. Por outro lado, no Sul, Sudeste e Centro do Brasil o apoio massivo é para o candidato do PSL, Jair Bolsonaro. Isso mostra claramente que a ideologia de governo é diferente para esses dois polos eleitorais. Um deles acredita que o populismo é a chave para o Brasil melhor. O outro entende que o liberalismo é o segredo do sucesso.

Fato é que o Brasil por inteiro só existe mesmo é no mapa, ao menos hoje. Essa “briga” entre Sul e Nordeste não é de agora. Desde os anos 1990 existe o movimento intitulado “O Sul é meu país”, que tem por objetivo separar os três sulistas do restante do Brasil com o argumento de que por aqui muito se faz para sustentar o que pouco se faz em outras bandas. E tende a piorar, pois a intolerância com os eleitores mais ao Norte ganhou, em tese, o apoio dos maiores e mais populosos Estados do país.

As redes sociais e a imprensa se encarregaram de fazer o resto. Mapinhas, gifs e memes excluindo o Nordeste do Brasil bombaram assim que os votos foram contabilizados. Transformaram a diferença de pensamentos em discursos de ódio e intolerância, dividindo um Brasil em dois Brasis. Aliás, você deve conhecer alguém que promoveu (ou está promovendo) a discórdia entre estes e aqueles. Vermelhos de um lado, verdes de outro, e muita troca de ofensas, desrespeito e incompreensão. Se tem muita gente indignada com o povo nordestino, tem muito nordestino indignado com os vizinhos de baixo. Cada um com suas próprias razões, seus argumentos, suas pretensões.

Fato também é que não há o que fazer a não ser escolher uma dessas duas opções. O desenho básico do que deve ocorrer no segundo turno já foi esboçado. Agora a briga é entre aqueles que deixaram o pleito e que, via de regra, devem apoiar este ou aquele candidato, transferindo parte de seus votos para Bolsonaro ou Haddad. Os bastidores vão definir, rapidamente, quem vai com quem, quem fica contra quem. Em três semanas tudo estará resolvido.

Independente de quem ganhar, o novo presidente terá duras missões nos próximos anos, como a aprovação das urgentes reformas política, fiscal e previdenciária. Terá, ainda, a dura tarefa de reconstruir um país dividido em dois, promover a integração entre sulistas e nordestinos, reconduzir o Brasil à paz social que hoje se dissipa dos olhos de todos.

O extremismo político está no auge no Brasil. Pior; é dividido por regiões, fragmentando a nação que, no fundo, no fundo, precisaria estar unida para acabar com esse sistema político que, ao apagar das luzes, nunca fez bem para esta ou aquela região. Todos, invariavelmente, são roubados durante anos, décadas, por governos que mais prometem do que fazem. Não bastasse a divisão entre direita e esquerda, agora o Brasil tem que conviver com a divisão do Norte e do Sul. É necessário reunificar o Brasil, ou então dividi-lo de uma vez.

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