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Elio Migliorança

DOS PAMPAS VEM O ENCANTO E O DESENCANTO

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Dos pampas argentinos para o mundo, duas pessoas tornaram-se referência mundial. Uma é referência de encanto e sucesso. A outra de desencanto e fracasso. O papa Francisco saiu do anonimato para as manchetes mundiais e tornou-se uma referência para católicos e não católicos. Líder maior dos católicos, impressiona e cativa pela postura e sinceridade em viver aquilo que prega. Enquanto no mundo muitos governantes ficam agarrados ao poder, movem céus e terra, gastam milhões e, se necessário, “vendem a alma para o diabo” para manter-se no poder, o papa Francisco surpreende pela simplicidade e coerência. Eleito papa, vive na prática a frase mais conhecida de Jesus Cristo, que é: “eu vim para servir e não para ser servido”. Como se diz no popular, o poder não lhe subiu à cabeça. Este jeito simples de viver tem contagiado os católicos e provocado manifestações de admiração e respeito até daqueles que não seguem nenhuma crença religiosa. Aos amplos aposentos papais no Vaticano, preferiu um apartamento simples na Casa Santa Marta, junto com outros religiosos e leigos que trabalham no Vaticano. Esta coerência de quem vive o que prega encanta, atrai e motiva as pessoas do mundo inteiro, e no breve espaço de tempo em que Francisco tornou-se papa, já é respeitado como um dos mais influentes líderes mundiais, embora não tenha sob seu comando nenhum exército e nem disponha de artefatos nucleares. O jeito simples de viver contrasta com governantes do mundo que, na sua maioria, possuem um discurso para os pobres, mas vivem na riqueza. Por outro lado, dos pampas argentinos também nos chega um modelo de fracasso e desencanto. A situação econômica da Argentina está indo ladeira abaixo. A senhora Cristina Kirchner está conduzindo o país para o caos. As estatísticas econômicas oficiais viraram piada. A agricultura, que no passado era forte concorrente do Brasil, está desestruturada e seu parque de máquinas sucateado. Há muitas áreas onde o plantio não foi realizado. As exportações estão proibidas numa tentativa de resolver o problema do abastecimento interno. A exemplo do que ocorre em Cuba, ter dólares na Argentina é impatriótico. Agora, a compra e a venda de imóveis têm de ser, por força de lei, em pesos. Aqueles tempos em que as praias brasileiras eram no verão invadidas por multidões de argentinos, com os bolsos cheios de dólares para gastar, fazendo a festa dos comerciantes do litoral, fazem parte do passado e demorarão a voltar, se é que um dia voltarão. E para esconder a ruína de seu governo, a presidente Cristina está intervindo e silenciando os meios de comunicação que ousam discordar da propaganda oficial. Aquela que já foi considerada a mais europeia cidade da América Latina, Buenos Aires, sofre nas mãos de um governo populista, em que o ilusionismo Kirchnerista é um desastre anunciado e um atentado à economia popular. O que se vê hoje por lá, pode um dia atravessar o Rio Paraná e desembarcar do lado de cá do marco das três fronteiras. É por este e outros motivos que devemos estar alertas para qualquer movimento governista para censurar a imprensa ou desacreditar o Poder Judiciário. Um governo populista, que tem um projeto de poder ao invés de um projeto de governo, poderá criar o desencanto e o fracasso pelo qual os “hermanos” pagam hoje um alto preço. 
* O autor é professor em Nova Santa Rosa
miglioranza@opcaonet.com.br

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