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Dom João Carlos Seneme

E a sala da festa ficou cheia de convidados

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A palavra deste domingo (11) nos convida a ultrapassar os horizontes estreitos que comumente estabelecemos em nossos projetos para abraçar as esperanças da humanidade. A revelação bíblica sempre colocou muito perto a escolha de cada um e o bem de toda a humanidade. O Deus que escolheu Israel é o Senhor da história, Deus de todos os povos. Portanto, Deus não pode ficar preso a um povo e sua cultura. Por isso o tema do banquete do Reino que acolhe humanidade inteira e faz da responsabilidade e resposta de cada um a chave de leitura para a vida.

Um rei organizou um banquete para celebrar o casamento de seu filho. Convidou várias pessoas, mas os convidados se recusaram participar da festa, apresentado desculpas sem importância. O rei resolveu, apesar de tudo, realizar a festa, que deveria estar cheia de convidados. Determina, então, que fossem trazidos para o banquete aqueles que estivessem pelas “encruzilhadas dos caminhos”. Todos foram convidados maus e bons. E a festa foi realizada.

A parábola dos convidados ao casamento revela duas direções: de um lado, acentua a universalidade da salvação; de outro lado, mostra como o dom de Deus não acontece de forma espontânea, mas requer de cada um a responsabilidade das próprias escolhas. É preciso acontecer a festa. Se há aqueles que recusam os convites, há outros que se dispõem a participar do banquete nupcial. É que acontece: foram convidados os que estavam nas encruzilhadas da estrada.

Nos textos dos evangelhos acompanhamos Jesus que se relaciona com todos sem distinção. Os líderes de Israel sempre reprovaram o contato de Jesus com os pecadores e os desqualificados que, segundo eles, deveriam ser excluídos porque eram impuros. Jesus deixa claro que, na perspectiva de Deus, a seleção não acontece dessa forma; todos têm oportunidade de sentar-se à mesa do Reino. O que importa é aceitar ou não o convite de Deus.

Todo domingo, na celebração eucarística, Deus prepara um banquete para todos e faz de tudo para nos motivar a participar do sacrifício de Jesus que se torna evento salvador.

Amigo, como entraste aqui? Esta pergunta é dirigida a cada um de nós que nos encontramos na grande sala nupcial que é a Igreja, para participar do banquete que é a eucaristia. É uma oportunidade para entrar dentro de nós mesmos e nos perguntar se estamos vestidos para participar das núpcias de Jesus com sua Igreja. A roupa adequada é o coração aberto para acolher Deus que se oferece a nós, é acreditar no amor, na partilha, no serviço, na misericórdia, na vida doada gratuitamente. No banquete de Deus não há lugar para o egoísmo, a arrogância, a injustiça, a acomodação e muito menos a autossuficiência.

A parábola dos convidados à festa revela o coração de Deus: ninguém é excluído. Seu desejo é que a sala esteja repleta de convidados e para isso Ele se empenha pessoalmente. Tudo está preparado. Ele só pede que sejamos intermediários do convite. Cabe a nós, discípulos missionários, levar o seu convite a todos, principalmente aos que estão pelas encruzilhadas dos caminhos.

Senhor, quero testemunhar com a minha vida minha condição de discípulo do Reino, quero empenhar minha vida para levar o teu convite de amor a todos os homens e mulheres.

 

O autor é bispo da Diocese de Toledo

revistacristorei@diocesetoledo.org

 

 

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