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Arno Kunzler

E agora, José?

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Convocados pelo presidente Bolsonaro, os brasileiros foram a Brasília e a São Paulo e desfilaram pelas ruas de muitas cidades brasileiras empunhando bandeiras e enaltecendo as cores verde e amarelo.

Uns foram motivados pelo espírito de patriotismo, mas a grande maioria viajou para ver um gesto do presidente, uma espécie de tomada do poder.

Tendo como alvo principal o Supremo Tribunal Federal (STF), alguns tentaram até mesmo invadir o espaço daquela instituição, como que supostamente tomando o espaço físico estariam destituídos os ministros e tomado o poder da Corte.

Como não aconteceu nenhuma nem outra, o retorno para as suas cidades de origem provocou reações diferentes: uns felizes e satisfeitos pela viagem, por participarem desse momento, e outros frustrados por não ter havido o cumprimento da expectativa.

A partir de então a esperança recaiu sobre os caminhoneiros, que paralisariam o Brasil sob as ordens do presidente Bolsonaro e em apoio aos seus discursos.

Pois a quarta-feira (08) passou e o movimento se mostrou dividido e, aos poucos, alguns motoristas conseguiram seguir viagem, sobrando alguns pontos até a noite de quinta-feira (09).

Mais uma vez a expectativa foi adiada, desta vez para sexta-feira, hoje (10).

Mas, para a surpresa de muitos, na quinta-feira começou a circular um áudio do presidente Bolsonaro pedindo para os motoristas desbloquearem as rodovias, pois isso causaria prejuízos aos mais pobres, desabastecimento e inflação.

Com parte das rodovias desbloqueadas, o movimento de 07 de setembro desfeito, as instituições tentam se entender em Brasília.

Ainda restam as reações que vêm do setor político, que tomaram posições após os discursos do presidente.

Se ainda tem gente acreditando que o presidente tem força e caneta para destituir ministros do STF, outros já contabilizam os prejuízos, especialmente políticos, com a pauta de votações do Congresso praticamente enterrada, dólar em alta e bolsa caindo.

Se para uns foi uma gigantesca demonstração de apoio e civismo, como indiscutivelmente foi, para outros o discurso do presidente foi um fiasco sem precedentes.

Se é verdade que em Brasília muitas coisas precisam mudar, e de fato precisam, ficou difícil imaginar e acreditar que será dessa forma.

O melhor que podemos fazer neste momento é compreender que, senão todos, a grande maioria dos brasileiros deseja a mesma coisa: um país melhor.

Então, não somos inimigos, nem da esquerda e nem da direita. Somos todos brasileiros ainda que divergimos, ainda que adversários pontuais.

Quem insiste em nos dividir, em nos fazer inimigos, não consegue compreender o momento e certamente não estará ajudando na construção de uma grande nação.

 

Arno Kunzler é jornalista e fundador do Jornal O Presente e da Editora Amigos

arno@opresente.com.br

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