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Arno Kunzler

E agora Michel…?

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É frustrante ver o alto escalão do governo atolado em denúncias e situações embaraçosas com as revelações da delação premiada da Odebrecht.

Óbvio que agora as delações, inclusive para o PT, têm validade e devem servir de embasamento para denúncias e indiciamentos dos nossos políticos.

Um governo quase inteiro, para não generalizar, está atolado num lamaçal sem precedentes.

A única diferença entre o governo Temer e Dilma é que Temer sabe o que precisa ser feito para corrigir os rumos da economia e arrumar as contas do governo. Se consegue é outra história. Mas ele já deu mostras que sabe onde precisa mexer.

O que muitos duvidam, hoje, é que ele tenha coragem de mexer nos privilégios e, aí, o esforço da classe pagadora de impostos será em vão.

O medo do governo de se indispor com militares, Ministério Público e Judiciário pode levar a reforma econômica para uma reforma possível, e não uma reforma ideal.

Assim como Lula e FHC reformaram a Previdência… Não fizeram o que tinha que ser feito, mantendo privilégios inaceitáveis para determinadas classes de brasileiros mais iguais perante a lei do que a grande maioria dos trabalhadores.

Em meio ao tiroteio de denúncias contra os principais líderes do governo, é provável que a capacidade de articulação esteja comprometida.

Um governo que precisa lutar para se manter no poder passa a ter condições parecidas com o que Dilma Rousseff tinha no seu último e derradeiro ano.

Lá vamos nós, mais uma vez, ver um governo fazendo concessões para quem pode, em última análise, evitar a sua queda.

Não é provável que partidos que desejam disputar as eleições presidenciais em 2018 tenham motivação para continuar apoiando o atual governo.

A tendência é que alguns importantes partidos desembarquem, com uma certa urgência, para evitar que seus líderes sejam envolvidos no mesmo lamaçal.

E isso diminui ainda mais a força do governo para fazer aprovar projetos polêmicos.

Seria muito frustrante ver mais um governo passar sem que nada de austero e definitivo passe pelo nosso Congresso.

E, sinceramente, não parece que Michel Temer tenha condições de fazer o que se propôs e nem sequer de fazer algo parecido com aquilo que precisa ser feito.

Não que não queira ou que deixe de acreditar, mas simplesmente porque de agora em diante sua luta será para salvar a si e seus principais ministros.

Triste, mas é a realidade.

Assim como Dilma Rousseff, Michel Temer está sendo encurralado por um ministério corrupto e comprometido com os mal feitos. Já não adianta mais tirar alguns corruptos, todo governo está contaminado.

A questão agora é escolher entre terminar o governo ou haver intervenção, já que pela linha sucessória todos estão no mesmo barco.

O PT pede eleições diretas já, o que ainda não tem apelo popular.

O mercado pede reformas e a continuação do atual governo para evitar novos traumas, reformas que não devem acontecer na proporção que o mercado espera.

Os brasileiros que foram às ruas esperam um governo ético, o que, pelo que se vê até agora, também não vai acontecer.

Mas a desgraça do governo Temer só começou e a possibilidade de blindar o presidente é remota diante de tantas denúncias.

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