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Elio Migliorança

É NATURAL

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O ser humano é movido por sonhos e projetos. É natural o sonho de comprar um automóvel. É também natural sonhar em ter uma casa, um emprego, vida saudável, casar, ter filhos, envelhecer e, se possível, morrer com saúde. E o governo parece estar ajudando a realizar o sonho do carro próprio. Recentemente foi anunciada a prorrogação da redução do IPI dos carros até o final do ano. Há, porém, que ponderar duas coisas importantes. Primeiro, temos o automóvel mais caro do mundo, graças aos impostos municipais, estaduais e federais e à fome de lucro das montadoras. Com o dinheiro que o brasileiro compra um Fiat Uno, um europeu compra um Honda Civic. Um mexicano paga por um Volkswagen Jetta R$ 32.500,00, enquanto o brasileiro paga R$ 65.700,00. As montadoras também têm culpa, pois o custo de produção no Brasil é em torno de 58%, enquanto a média mundial é 79%, mas a margem de lucro mundial é 5%, enquanto por aqui é 10% sobre o preço do carro. Segundo, enquanto milhares de automóveis são despejados nas ruas do Brasil a cada mês, as rodovias continuam as mesmas ou no mínimo uma versão piorada do ano anterior. Nas cidades a infraestrutura urbana continua a mesma enquanto o número de veículos não para de crescer. Um morador de Vila Nova demora menos tempo para ir a Toledo do que para achar uma vaga para estacionar próximo do centro. Em cidades maiores é ainda pior. É urgente ampliar nossa infraestrutura antes que os carros sejam proibidos de circular.
O debate sobre as invasões indígenas na região remetem à outra reflexão. É natural que todos tenham meios para sustentar sua família. É natural os índios quererem isso. Mas atenção, índio não quer ser índio daquela forma como viviam por aqui quando os portugueses chegaram. Índio não quer sobreviver do extrativismo. Índio quer tudo o que o branco tem: carrão, casa boa, comida à vontade, energia elétrica, televisão de preferência bem grande e se possível trabalhar o menos possível. Aliás, este é o sonho da maioria absoluta da população, não apenas dos índios. Por isso, essa insensatez da Funai querendo demarcar milhares de hectares de terras produtivas, adquiridas de forma legítima por seus proprietários, é no mínimo uma afronta ao bom-senso e uma injustiça que pode provocar uma guerra. Esperamos que as autoridades se mexam, que o preceito constitucional do direito à propriedade seja respeitado, e que este bode fedorento que foi colocado no centro do salão seja retirado por quem o colocou lá.
É também natural que estejamos apavorados com a epidemia de dengue que tomou conta do Brasil. Com isso contribuem os relaxados e irresponsáveis que não eliminam os locais onde o mosquito se cria, e os motoristas que jogam lixo na beira das rodovias, fonte de proliferação dos mosquitos. Mas os maiores responsáveis são as administrações municipais e estaduais, que não tomaram providências imediatas quando surgiram os primeiros casos. É a prova de que a omissão dos responsáveis acaba sendo paga pela sociedade, que sofre as consequências, e alguns pagam com a própria vida. É por isso que cobrar das autoridades é um ato de civismo em defesa da vida da população.

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