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Elio Migliorança

É o começo do fim

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Foram muitos meses de envolvimento de todos os segmentos que contribuem para o desenvolvimento do Oeste do Paraná. Representantes da cidade e do campo, associações, federações, núcleos de desenvolvimento, a classe política, os meios de comunicação, tanto a imprensa falada, escrita e televisionada, bem como os setores de educação e cultura, todos estiveram envolvidos nos debates para estabelecer os critérios na renovação dos contratos de pedágio no Paraná, uma decisão que vai impactar a vida de todos nos próximos 30 anos.

Fizeram-se audiências públicas e os meios de comunicação se envolveram até o pescoço em campanhas de esclarecimentos e mobilização para termos regras e preços justos. Acendeu-se uma luz de esperança, apontando para valores justos e obras que seriam de fato realizadas, ao contrário do golpe do qual fomos vítimas das concessionárias atuais, que assaltaram os usuários das rodovias cobrando valores comprovadamente ilegais. E ao que parece, os contratos vão terminar e tudo ficará como está.

Ninguém será obrigado a ressarcir o usuário pelo prejuízo que lhe foi causado. É triste ter que dizer isso, mas é a pura verdade.

Com as audiências públicas e a mobilização de todos, esperava-se que as novas concessões fossem a preços justos e que a mais rejeitada e injusta praça de pedágio fosse excluída do projeto. Refiro-me à praça de pedágio prevista para Sede Alvorada, na rodovia que liga Toledo a Cascavel. E de onde vem o sinal de que é o começo do fim da esperança de ver tais reivindicações atendidas.

A resposta veio do cruzamento das informações veiculadas neste jornal em reportagem de 23 de setembro noticiando a autorização da retomada das obras do contorno de Marechal Cândido Rondon. Quando questionado pela imprensa sobre a instalação da praça de pedágio na BR-467, o governador Ratinho Junior vestiu o manto de Poncio Pilatos e “lavou as mãos”, tal como fez Pilatos, eximindo-se da culpa pela condenação e morte de Jesus Cristo.

O governador, ao ser perguntado sobre a praça de pedágio, limitou-se a dizer que as praças serão instaladas em rodovias federais, e como são rodovias federais, disse ele, nós pedimos para o Ministério da Infraestrutura que possa achar a melhor modelagem.

Nada podia ser mais revelador do que essa resposta. Significa que ele lavou as mãos, abandonou a causa e vai justificar-se alegando que a decisão foi pelo melhor modelo. É triste ouvir isso, uma frase que significa virar as costas ao povo desta região. Será incalculável o prejuízo para esta região e também para os profissionais que passam diariamente nesta rodovia.

Depois desta decepção, ainda temos que engolir a afronta do Congresso Nacional aprovando o abrandamento da Lei de Improbidade Administrativa, favorecendo os que cometem crimes eleitorais e praticamente os isentando da culpa. É também o começo do fim do combate à corrupção neste país, um processo que começou bem com a Operação Lava Jato e foi sepultado pelo interesse mesquinho e antipatriótico daqueles que nos governam.

Escrever sobre isso não tem o poder de reverter estas más notícias, mas servem para mostrar que não somos cegos e temos consciência das armadilhas colocadas no caminho daqueles que trabalham duro para produzir e viver com dignidade.

 

O autor é empresário rural, professor aposentado e ex-prefeito de Nova Santa Rosa

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