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Dom João Carlos Seneme

Eis que estarei convosco sempre, até o fim do mundo

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Com a solenidade de Jesus Cristo Rei do Universo encerramos o ano litúrgico e celebramos o padroeiro de nossa diocese. Nós acreditamos que a história é como um caminhar na direção de nossa realização final e plena. O ano litúrgico dá um sentido novo quando nos convida a reviver a cada ano os mistérios da vida de Jesus.

No Antigo Testamento, a realeza é uma das características do ser e do agir de Deus, mas Israel nunca teve a realeza divina como os outros povos: Deus é rei porque socorre e ajuda, faz justiça e liberta. No Novo Testamento o Reino de Deus anunciado por Jesus não perde as conotações do Antigo, porque pertence aos pequenos e pobres, mansos e perseguidos por causa da Justiça. Nessa perspectiva, dizer Reino de Deus é o mesmo que dizer gratuidade e liberdade, justiça e paz.

A centralidade de Cristo na liturgia e na espiritualidade, na história de vida de cada um, é o grande tema dos textos litúrgicos da solenidade e Cristo Rei do Universo. É uma grande oportunidade para procurar a soberania de Deus que está próximo do ser humano.

Bonitas as palavras de Santo Agostinho: “Eis que habitavas dentro de mim e eu te procurava fora. Estavas comigo e eu não estava contigo. Seguravam-me longe de ti as tuas criaturas que não existiriam se não existissem em ti. Tu me chamaste e teu grito rompeu a minha surdez. Brilhaste, resplandeceste e afugentaste minha cegueira. Exalaste perfume e respirei, suspirei por ti. Provei-te, e agora tenho fome e sede de ti. Tu me tocaste e agora ardo no desejo de tua paz”.

O Reino de Deus já está no meio de nós; a nossa missão é fazer com que ele seja uma realidade bem viva e bem presente no nosso mundo. Depende de nós fazer com que o Reino deixe de ser uma miragem, para passar a ser uma realidade que cresce e transforma o mundo e a humanidade. Jesus é rei porque ele se preocupa com todos, sem distinção; porém tem um olhar misericordioso com os mais sofredores e excluídos. Ele caminha no meio da multidão e, ao seu redor, se reúne todo tipo de pessoa: ricos, pobres, pecadores. Para todos Ele tem uma palavra, um gesto de acolhida e lhes propõe uma vida nova.

O encerramento do ano litúrgico é marcado por esta solenidade de Cristo Rei que nos olha com amor e misericórdia. Neste contexto somos convidados a fazer um balanço de nossa vida com suas misérias e alegrias recordando as últimas palavras de Cristo: “Eis que estarei convosco sempre, até o fim do mundo” (Mt 28,20).

A Catedral Cristo Rei é para nós sinal de nossa missão como continuadores da obra de Jesus, de seguidores deste Rei-Pastor que protege todas as ovelhas, alimenta-as com sua palavra e seu corpo. Se há uma ovelha ferida e doente, dilacerada no espírito pelo pecado, ou somente desanimada, ele está pronto para enfaixar suas feridas, tratá-la com o óleo do perdão e da consolação.

Nesta festa do padroeiro de nossa diocese não nos resta outra coisa senão repetir com alegria, mais uma vez: “O Senhor é o meu pastor, não me falta coisa alguma”. O Rei que seguimos ofereceu-se na cruz, vítima pura e pacífica, para redimir toda a humanidade. Por isso o seu Reino é da verdade e da vida, da santidade e da graça, da justiça, do amor e da paz. Amém.

 

O autor é bispo da Diocese de Toledo

revistacristorei@diocesetoledo.org

 

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