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Dom João Carlos Seneme

Eles entraram no sepulcro, viram e acreditaram: Cristo ressuscitou

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A Páscoa é, para nós, cristãos católicos, a mais importante festa do Ano Litúrgico. Ela é a certeza definitiva de que todos podem cantar o hino da vitória suprema. A morte é a herança de todo ser humano, a mais terrível verdade. Porém, a Páscoa é a alegre certeza que Deus entrou – para sempre – no reino da morte. Nenhuma derrota será definitiva, nenhum fracasso será decisivo. Toda vida, grande ou pequena, sublime ou mesquinha, cheia de esperança ou desiludida, foi invadida pela esperança.

Começamos a celebrar este grande dia na longa vigília do Sábado Santo. Uma noite que começou com a bênção do fogo. A luz de Cristo iluminou o mundo como no dia em que criou a humanidade à sua imagem e semelhança. Através da Palavra de Deus fomos refazendo, passo a passo, a história da salvação, a presença de Deus na humanidade desde a criação até a ressurreição.

No evangelho deste Domingo de Páscoa podemos perceber que o encontro com o Ressuscitado não se dá de forma espontânea e natural. Ele acontece no meio das incertezas, medo, dúvidas. Maria Madalena vai ao sepulcro no meio da noite, é escuro ainda, fora e dentro dela, e não entende nada quando encontra o sepulcro vazio. Ela tem que superar a amizade e amor que sente por Jesus para estabelecer uma relação espiritual com o Ressuscitado. Pedro tenta entender tudo pelo uso da razão, interroga sempre, busca verificar tudo. Ele deve se entregar todo inteiro ao Ressuscitado com o coração e não apenas com a razão. O discípulo amado se arrisca mais: “viu e acreditou” que Jesus estaria presente em sua vida de modo diferente.

A vida cristã nasceu no dia da Páscoa do Senhor, por isso Domingo se tornou o Dia do Senhor. Todos os domingos a Igreja nos recorda que a Ressurreição de Jesus é o ponto central de nossa vida.

Tudo o que existe é penetrado pela energia vital do Ressuscitado; nossa vida é impulsionada até sua plenitude final, mesmo que, às vezes, não conseguimos ver, sentir; a força do Ressuscitado está ali nos ajudando a caminhar, a criar um mundo novo. Por isso, ao celebrar a Páscoa não podemos ser os mesmos de sempre, a vida mudou, nós mudamos porque um Espírito novo está dentro de cada um de nós.

O Ressuscitado está conosco, no meio de nossas fragilidades, sustentando para sempre a esperança, a bondade que renasce em cada um de nós como promessa que nos conduz ao infinito e nos garante que não morreremos jamais. O dom maior do Ressuscitado é a paz: “a paz esteja com vocês”, disse Jesus aos seus apóstolos. Ele acompanha as nossas dores e tristezas consolando de modo permanente e misterioso. Ele está presente em nossos fracassos e impotência como força segura que nos defende. Ele está em nossos pecados como misericórdia que nos suporta com paciência infinita e nos compreende e acolhe até o fim.  Ele está inclusive no momento de nossa morte como vida que triunfa quando tudo parece extinguir-se.

A Páscoa é a festa da vida. A festa de todos que se reconhecem mortais, mas que descobriram no Cristo Ressuscitado a esperança de uma vida eterna.

Felizes aqueles que nesta manhã da Páscoa deixam entrar em seus corações as palavras de Cristo: “Tenham a minha paz. Neste mundo vocês terão aflições, mas tenham coragem; eu venci o mundo” (Jo 16,33). Feliz e Santa Ressurreição a todos!

 

Dom João Carlos Seneme é bispo da Diocese de Toledo

revistacristorei@diocesetoledo.org

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