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Tarcísio Vanderlinde

Em busca da veracidade

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Uma das formas de se envolver com a literatura bíblica é procurar saber se a arqueologia tem algo a dizer no que concerne a comprovar a veracidade dos textos. Uma incursão pelas descobertas arqueológicas no espaço geográfico, referência das narrativas bíblicas, revela aspectos curiosos que costumam intrigar até os mais céticos.

Em visita à Terra Santa, apenas 18 anos depois da conflituosa independência de Israel, o escritor brasileiro Érico Veríssimo, com a sensibilidade literária que lhe era peculiar, já havia observado a relação dialética existente entre os textos bíblicos e as descobertas arqueológicas.

Os textos costumam dar dicas sobre lugares que potencialmente podem esconder vestígios e serem escavados. Por outro lado, as escavações revelam fragmentos que elucidam os textos bíblicos. Contudo, muitas descobertas foram feitas meramente à revelia de experientes olhos científicos.

Quando se fala em arqueologia ou geografia bíblica, a ideia que costuma vir à mente é aquele território mais associado aos passos de Jesus, dos patriarcas e dos profetas. Trata-se de uma área circunscrita a ambientes bem identificáveis nos atuais territórios de Israel, Palestina, Líbano, Síria, Jordânia e Egito.

Contudo, o recorte geográfico associado aos textos bíblicos vai mais longe, e inclui regiões da Europa Central, países da periferia do Mar Mediterrâneo e avança pelo Oriente Médio até a Índia. Para o sul, as referências indicam territórios que chegam hoje à Arábia Saudita e Etiópia.

Em decorrência das mudanças geopolíticas ocorridas durante o século XX, muitos locais que poderiam ser escavados sofrem hoje restrições de acesso, isto quando o acesso não é proibido, como foi o caso das escavações no subsolo do monte Moriá no centro da cidade de Jerusalém.

É sobre este monte que se localiza uma das edificações emblemáticas da cidade. Trata-se do Domo da Rocha, mesquita muçulmana com a sua inconfundível cúpula dourada. A tradição judaica assegura que neste lugar se localizava o templo destruído pelas forças militares de Roma no ano 70 de nossa era.

Neste lugar, algumas peças antigas ainda podem ser apreciadas por visitantes. Tratam-se de capitólios que se acreditam ser do templo destruído e que se encontram hoje ao lado da mesquita Al Aqsa, no mesmo ambiente do Domo da Rocha.

Deste lugar, considerado proibido para novas escavações, foram retirados muitos entulhos, que ironicamente acabaram virando um campo de “garimpo” para novas pesquisas e descobertas arqueológicas. Durante o ano de 2019 já foram retirados dos entulhos mais de meio milhão de artefatos relacionados com a história da Terra Santa.

 

O autor é professor da Unioeste

tarcisiovanderlinde@gmail.com

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