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Elio Migliorança

EM CASCATA

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Começo voltando ao tema da coluna da semana passada, que teve como título “dizem que”, e acrescento àquela série a contribuição de um leitor que questiona o novo tamanho das cédulas do real, de acordo com o valor da nota. De fato, também acho uma estupidez o que fizeram com o nosso dinheiro. E aí vem, “dizem que…”, na Europa, vários governos precisavam descartar matrizes utilizadas na fabricação do euro para substituí-las por novos modelos. Encontraram no Brasil um bom comprador, o que deu origem a esta idiotice de ter notas de tamanho diferente. Primeiro pepino quando você vai envolver as cédulas com a famosa borrachinha. As mais largas ficam amassadas e, se não cuidar, rasgam. Para contar as cédulas, a diferença de tamanho atrapalha. Mas o maior prejuízo são as centenas de milhares de máquinas de caixa eletrônico que deverão ser adaptadas ao novo formato porque antes podíamos colocar todas as cédulas no mesmo lugar, agora cada uma precisa de um espaço exclusivo.
Seria útil saber quem é o dono da empresa que vai fazer estas mudanças. Alguém vai ganhar muito dinheiro. Recordemos que recentemente o presidente da Casa da Moeda do Brasil foi demitido por corrupção, logo vem a pergunta: quem será? E, claro, o povo vai pagar muito caro porque é natural que os bancos repassem estes custos para os correntistas. E ninguém perguntou se queríamos isso ou não, decidiram e ponto.
E agora vamos ao tema da semana: os desdobramentos envolvendo Carlinhos Cachoeira. Revelações de políticos ajudando nos trâmites de processos e projetos de obras públicas. Até os mais desligados telespectadores ficaram chocados. Empresas de amigos de “cachoeira” receberam obras em “cascata”, aumentando seus ganhos de forma tão expressiva que podemos classificar como um conjunto de “cataratas”. Na maior cara de pau, políticos, funcionários públicos e empresários envolvidos no esquema traíram os mais elementares princípios da ética e da moral. As revelações vão deixar a biografia de muitos políticos mais bichada que carne exposta ao calor e umidade.
É preciso recordar, embora muitos vão me amaldiçoar por isso, quantas vezes o Tribunal de Contas da União (TCU) e a Controladoria Geral da União (CGU) denunciaram no governo do “Messias do ABC” o superfaturamento e o desvio de recursos em obras públicas. O governo reagia tentando jogar a opinião pública contra eles, responsabilizando-os pelo atraso em obras essenciais para a comunidade. A presidente Dilma tem sido mais ética e eficiente no tratamento às denuncias recebidas, afastando o denunciado e apurando os fatos.
Investigação não devia ser atribuição do Congresso via CPI; os órgãos que existem para tal é que deviam se responsabilizar por isso. Polícia Federal, Ministério Público, CGU, TCU e outros que com eles estão interligados. Muitos não gostarão do que escrevi, mas é preciso acordar enquanto os outros dormem e andar enquanto os outros se detêm. Mesmo que muita gente olhe a sociedade de cima para baixo é bom que saibam que um homem só tem o direito de olhar alguém assim quando o está ajudando a levantar-se. Todos os demais que o fizerem são arrogantes e desumanos, e um dia vão pagar caro por isso.

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