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Editorial

Empatia não é só uma palavra bonita

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Só quando a dor da perda atingir a família de algumas pessoas é que elas vão entender porque não é correto se aglomerar neste momento. Só quando a falta de ar tornar agonizante a vida de uma pessoa querida é que vão perceber porque as autoridades de saúde pedem tanto para manter o distanciamento social. Só quando um familiar precisar de um simples leito de hospital – e possivelmente não encontrar – é que certas pessoas vão compreender o quão grave é a situação.

A crise sanitária que o Brasil vive atualmente é a mais grave em toda a sua história e não chegou ainda a seu ápice. O descontrole na gestão dessa crise, que passa por negacionismos, notícias falsas e ineficiência de parte das autoridades, saturou os hospitais do Brasil, mesmo depois de ampliar o sistema de saúde para a Covid-19, com abertura de milhares de leitos em todo o país. Para amplificar essa catástrofe vivida no momento, a vacinação é avassaladoramente lenta.

No começo das restrições no ano passado, que culminaram com o fechamento de comércios e na solicitação para as pessoas ficarem em casa, a comunidade em Marechal Cândido Rondon estava mais consciente. Mas bastaram algumas semanas ou poucos meses, com a redução de casos a partir do segundo semestre de 2020 – até a segunda onda começar – para que boa parte da população baixasse a guarda. Festas, reuniões de futebol, festas nas chácaras, tudo parecia ter voltado ao normal.

Mas a segunda onda, turbinada pelas novas variantes desse vírus mortal, exige que aqueles cuidados lá do início sejam reforçados. Especialmente acabar com as aglomerações.

Falhas claramente evitáveis contribuem para ampliar esse cenário de colapso no sistema de saúde brasileiro. Festas podem esperar, churrascos entre amigos podem esperar. E não são somente os jovens que estão se empilhando pelos cantos do município.

A fiscalização se tornou uma dificuldade à parte. A Polícia Militar tem encontrado dificuldade em mitigar aglomerações. Neste fim de semana, pelo menos dois eventos clandestinos foram registrados no município.

Se as pessoas fizessem o distanciamento social adequadamente, especialmente nesses momentos mais difíceis, quando as autoridades clamam, o próprio comércio poderia ser beneficiado. As medidas restritivas, especialmente em cidades menores, como Marechal Cândido Rondon e municípios vizinhos, poderiam ser mais flexíveis. Mas não foi isso que aconteceu.

Os hospitais e unidades de saúde estão colapsados. Profissionais estão esgotados e, principalmente, em falta. A fila para a vacina é longa e inquietante. Cada vez mais pessoas próximas estão adoecendo ou morrendo. A falta de organização torna o cenário ainda mais assustador.

É preciso que as pessoas colaborem e, numa boa, tentem convencer outras pessoas que o momento não é para brincadeira. As festas precisam acabar. As aglomerações precisam ter fim. Mais conscientização, por favor. Está mais do que na hora de praticar a tal da empatia. Empatia não é só uma palavra bonita.

 

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