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Elio Migliorança

Encruzilhada decisiva

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Quando andamos por uma estrada desconhecida e chegamos a uma encruzilhada, este é um ponto crítico da caminhada em que uma decisão deve ser tomada. Só existem duas opções: direita ou esquerda. A decisão pode ocorrer por intuição, superstição, por sorteio ou na melhor das hipóteses a partir de informações recebidas.

No domingo, dia 17, os brasileiros começaram a ser vacinados contra a Covid-19. Menos mal, já estamos a caminho da imunização. Mas, em tempos de mídias sociais em que todos têm voz, está em curso um duelo verbal entre os a favor e os contra a vacina.

Há uma parcela da população fazendo campanha contra a vacinação e os argumentos são vários. Alguns dizem que o vírus teria sido criado em laboratório e que houve uma contaminação planejada para posteriormente oferecer a prevenção através da vacina. Outras teorias da conspiração apontam para um esquema mundial de eliminação de uma parcela da população mais idosa, bem como a modificação genética das pessoas via substâncias existentes na vacina.

Por ironia do destino, a única vacina disponibilizada no Brasil é justamente a Coronavac, de procedência chinesa, embora fabricada pelo Instituto Butantan, uma instituição de pesquisa centenária, já que foi fundada em fevereiro de 1901, e uma referência mundial na área de produção de vacinas.

A “turma da ferradura” acha que o Instituto Butantan se prestaria a um jogo sujo e prejudicial aos brasileiros, jogando na lata de lixo da história todo o seu brilhante histórico de realizações e conquistas na área de saúde pública nacional.

Por outro lado, do ponto de vista dos que defendem a vacina produzida pelo Butantan, há argumentos sólidos que merecem um destaque, já que estamos falando de algo que pode fazer a diferença entre viver ou morrer. A favor da vacina está a competência e a seriedade do Instituto Butantan, que dá o selo de garantia da vacina produzida. Em segundo lugar, temos outra instituição séria, que é a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), uma agência reguladora vinculada ao Ministério da Saúde, que no último domingo, em sessão pública, aprovou por unanimidade o uso emergencial desta vacina.

Nunca em sua história a Anvisa aprovou algum medicamento sem que tivesse plena certeza da sua eficácia. Um dos pontos a que se apegam os contra a vacina é de que sua eficácia seria de apenas 50,38%. Esta é apenas uma média aritmética simples que precisa de uma análise mais profunda.

Para casos mais graves a eficácia tem sido de até 100%, para outros casos médios a eficácia ficou acima de 70% e, na média geral, foi obtida aquela média que atende às exigências mínimas da Organização Mundial da Saúde. Aqueles que não querem tomar a vacina até fazem um favor aos demais, afinal, assim vai sobrar mais para os brasileiros sensatos.

Desumano é confundir as pessoas menos esclarecidas e induzi-las a não se vacinarem, colocando assim sua vida em risco. Para os negacionistas que conscientemente se recusam à imunização, é bom lembrar que quem toca a música com o diabo vai acabar tendo que dançar com ele. A contaminação pode ocorrer a qualquer momento e o resultado pode ser catastrófico. De minha parte, uma vez aprovada pela Anvisa, assim que chegar minha vez estarei na fila. É um bem que cada um pode fazer por si, pela família e para o bem do próprio país, assim mais rapidamente teremos vencido este desafio também.

 

O autor é professor em Nova Santa Rosa

miglioranza@opcaonet.com.br

 

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