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Arno Kunzler

ENFIM, UM DOCUMENTO COERENTE

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Depois do PSDB anunciar sua posição contrária à permanência de Eduardo Cunha na presidência da Câmara dos Deputados, ainda que isso custasse entraves e talvez o fim da esperança tucana no impeachment, agora é o PMDB que nos oferece uma luz no fim do túnel.

Em 1988, antes de ser promulgada a Constituição atual, o então presidente da Constituinte, Ulysses Guimarães, e o então presidente da República, José Sarney, trocaram farpas intermináveis sobre vários pontos da nossa “Constituição Cidadã”.

Alegando que não se podia gerar tantas demandas para o setor público sem ter a contrapartida financeira, José Sarney, num desabafo histórico, chegou a bradar que o Brasil ficaria “ingovernável” depois dessa Constituição entrar em vigor.

Exageros à parte, o PMDB de hoje reconhece em parte o que José Sarney previu antes dela ser promulgada.

Nossa generosidade com o dinheiro público é tamanha que não temos limites.

Cada um que se elege procura, a seu jeito, criar algo que beneficia seus eleitores, seja por questões que se justificam e realmente são importantes, seja por questões irrelevantes e que jamais deveriam ser jogadas na conta do Estado (governos federal, estaduais e municipais).

Fomos criando demandas e contratando gente e hoje temos uma governança engessada e sem capacidade de oferecer resultados ao cidadão que paga os impostos.

Os serviços públicos encareceram e a cada ano perdem qualidade.

O PMDB percebeu que chegou a hora de diminuir o tamanho do Estado (governos) e permitir que a inteligência privada, com leis mais flexíveis, com mais criatividade e gestão por meritocracia e menos burocracia, ofereçam obras e serviços públicos, mais baratos e de melhor qualidade.

E isso, acreditem, é possível!

O PMDB, pasmem, quer diminuir o tamanho do Estado e isso precisa ser saudado, pois vivemos um tempo em que tudo precisa do Estado.

Todos querem se beneficiar da generosidade do Estado, a mãe Estado.

E onde o Estado se coloca como realizador, nada funciona, ou funciona mal.

Assim é na saúde pública, assim é na educação, assim é na construção e manutenção da infraestrutura, assim é nos serviços…

O Estado só consegue competir quando tem o monopólio de algo, como o nosso caso, água, energia elétrica e a Petrobras… a famosa Petrobras, que opera a extração do petróleo no país.

E aí a gente precisa ver certos contrastes. Enquanto o petróleo baixa de preço no mundo inteiro, no Brasil a gasolina e o óleo diesel aumentam.

Isso só se explica onde está nas mãos do Estado.

As pessoas podem achar um absurdo falar em saúde privada. Mas é bom lembrar que há 40 anos Marechal Cândido Rondon tinha quatro hospitais em pleno funcionamento. Tinha hospital em Quatro Pontes, Mercedes, Entre Rios do Oeste, Pato Bragado, Nova Santa Rosa, Maripá e outros tantos em Santa Helena, Toledo, Guaíra e Palotina.

Bastaram menos de 40 anos e os hospitais que ainda funcionam bem não atendem mais pelo SUS e os que atendem estão praticamente inviabilizados.

É preciso repensar o Estado urgentemente, senão nós, cidadãos contribuintes, vamos pagar caro pela nossa omissão.

 

* O autor é jornalista e diretor do Jornal O Presente

arno@opresente.com.br

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