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Elio Migliorança

ENTÃO É NATAL

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Mais um ano está no fim e novamente somos chamados a refletir sobre a vida que passa. Afinal, o que significa mesmo o Natal? Para muitos é uma oportunidade de ouro para faturar com venda das mais diversas mercadorias. Para outros é apenas mais um dia, cheio de afazeres do tipo ordenhar vacas, tratar porcos, monitorar aviários, fazer comida para uma multidão de visitantes e se sobrar um tempinho ir na igreja e recordar as origens da festa de Natal. Para outros será apenas mais um dia no presídio, no albergue que acolhe os desventurados que não têm um lugar para ficar, ou para os moradores de rua um dia em que se perde o sossego nas calçadas ou debaixo das marquises porque haverá movimento durante as 24 horas do dia. Há também aqueles que criam uma fantasia, colocam muita comida e bebida sobre a mesa, simulam uma fraternidade que não existe e no protocolar “Feliz Natal” não transmitem mais do que meras palavras vazias que pouco ou nada significam para quem as recebe.
Onde está então o verdadeiro sentido do Natal? Que fazer para que o Natal efetivamente seja um marco na vida de alguém?
Tenho plena convicção de que o Natal efetivamente seria um acontecimento se todos chegassem nesta data com a paz de consciência pelo dever cumprido, em paz com todos ao redor e recursos para proporcionar uma vida digna aos que se ama. Porém, se olharmos ao redor, percebemos que há um sem fim de irmãos nossos que não possuem motivos para comemorar o Natal. São mães que se angustiam porque os filhos estão com fome e não têm condições de alimentá-los adequadamente. São pessoas vivendo na miséria ou doentes porque os recursos que deviam ser utilizados para diminuir seu sofrimento são vergonhosamente roubados pelos administradores públicos. São injustiçados que clamam por justiça porque o Judiciário nem sempre cumpre o seu papel de fazer justiça e age no interesse de grupos ou governantes inescrupulosos.
A corrupção tem sido o “cupim” que vai corroendo os recursos que deviam ser destinados a promover o bem-estar da sociedade. Malditos aqueles que se apropriam do que é sagrado, sim, porque tais recursos deviam ser destinados para o bem-estar daqueles que não têm voz nem vez.
Há milhões de aposentados vivendo na miséria porque uma minoria privilegiada é remunerada com altas e injustas aposentadorias. Há aposentadorias milionárias e há até os que se aposentaram porque passaram alguns dias na cadeia durante a ditadura militar. É vergonhoso um país que paga uma indenização mensal e vitalícia num valor dez vezes maior por 31 dias de cadeia do que por uma vida inteira trabalhando e produzindo.
Voltemos ao Natal. Quando se faz o bem a alguém que pode retribuir não há mérito. Neste Natal surpreenda alguém necessitado, bata na porta de alguém que você nem conhece e ofereça-lhe algo inesperado que faça realmente a alegria da família no Natal. Faça a família sentir que Deus enviou alguém para que tivessem algo especial neste Natal. Não vai resolver a situação da família, mas pelo menos por um dia esta família estará feliz. É quase nada, mas será um alento para um coração angustiado.

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