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Editorial

Entrando nos trilhos

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O Brasil é um país de dimensões continentais, no entanto os mais eficazes modais de transportes são minimamente usados. As rodovias sempre estão lotadas de ônibus, carretas e veículos no transporte de cargas e pessoas, mas as hidrovias – vale ressaltar que o Brasil é o país com mais água doce do mundo – e as ferrovias são extremamente subutilizadas. No Paraná, apenas 20% de tudo que chega até o Porto de Paranaguá é através de via férrea.

O transporte por trens, mais barato, de maior eficiência energética e mais seguro, foi negligenciado pelos representantes dos governos desde o Brasil colônia. Ao contrário de muitos países, como Estados Unidos, que se desenvolveram e desenvolveram suas cidades ao lado das ferrovias, no Brasil criaram-se picadas, estradas, e assim veio o progresso.

Esta semana, o Paraná deu um importante passo para tentar mudar um pouco essa história. Consórcios com várias empresas, incluindo estrangeiras, foram autorizados a começar os estudos de viabilidade técnica, ambiental e econômica para uma nova ferrovia, que ligaria o Mato Grosso do Sul ao Porto de Paranaguá, ampliando o escoamento dos produtos do agronegócio e outros por trilhos, reduzindo custos significativos para todos os setores econômicos. Se tudo der certo, serão mil quilômetros de progresso.

É uma iniciativa de suma importância, que pode, se de fato acontecer, mudar para melhor a realidade da região Oeste do Paraná. Demorou, mas essa antiga bandeira levantada pelo Paraná, seu vizinho Mato Grosso do Sul e até Argentina e Paraguai pode estar começando a sair do papel. É uma reivindicação justa, uma atitude ousada para uma obra necessária.

O empresário brasileiro, incluindo o produtor rural, é muito competente no que faz, mas perde competitividade dos seus negócios porque a logística baseada nos caminhões onera os custos. As margens de lucro despencam, para alegria de nossos concorrentes de olhos puxados lá do outro lado do mundo. Assim, o brasileiro perde mercados e o país cresce a passos de tartaruga.

O país precisa avançar, precisa entrar nos trilhos, literalmente, para ser mais robusto e reconhecido. Novos modelos para a logística e escoamento do que aqui é produzido são necessários. É preciso desenvolver o país que parou no tempo da Maria Fumaça. É necessário virar trem-bala.

O mundo está cheio de gente endinheirada querendo investir em tais modais. As ferrovias que o Brasil pode ganhar nos próximos anos – existem projetos para novas ferrovias em outras regiões do país – já têm interessados. Os asiáticos são os primeiros a arregalar os olhos com as oportunidades. Europeus e estadunidenses também já pensam em investir em solo verde e amarelo. Parece que tudo conspira a favor.

É preciso, no entanto, agilizar esses estudos, passar essas fases chatas de projetos, e acelerar obras. Já passou da hora de reduzir as mortes nas estradas, aumentar a competitividade do empresário, que, por sua vez, pode ampliar seus negócios, gerar empregos e tributos, melhorando até o aspecto social. É um círculo virtuoso que o país só vai alcançar se realmente entrar nos trilhos.

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