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Dom João Carlos Seneme

Envia teu Espírito, Senhor, e renova a face da terra

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Com o Domingo de Pentecostes (50 dias após a Páscoa), encerra-se o tempo da Páscoa. Neste período acompanhamos o carinho de Jesus com seus apóstolos despertando neles a fé e fortalecendo a missão que deveriam iniciar: “Não vos deixo órfãos, voltarei a visitar-vos; o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos disse” (Jo 14,18-26). Fomos colocados, juntamente com os apóstolos no caminho da verdadeira vida, que não pode ser conservada só para si, mas deverá ser levada ao mundo inteiro para transformar a história, para fecundar a humanidade em uma nova experiência de unidade de raças, nações, culturas.

Na primeira leitura, São Lucas quer revelar o sentimento dos primeiros cristãos quando perderam o medo e se atreveram a sair do cenáculo para anunciar o Reino de Deus como Jesus havia ordenado: “Como Pai me enviou, eu também vos envio. Ide pelo mundo inteiro e pregai a boa nova da salvação”.

O Dia de Pentecostes se torna, então, um marco para indicar uma mudança de vida que vai direcionar a ação da comunidade dos que acreditam no Cristo Ressuscitado. É o dia da “crisma” dos discípulos de Jesus. Torna-se uma experiência extraordinária, decisiva. É o nascimento da Igreja, comunidade de todos que acreditam no Cristo Ressuscitado.

Este dia, Pentecostes, era uma festa importante para os judeus. Primeiramente era uma celebração agrícola, depois de tornou uma festa comemorativa da renovação da Aliança no Sinai, ou seja, neste dia os judeus celebravam a sua identidade como povo de Deus e como nação judaica: reconheciam-se filhos de Deus e se identificavam como nação.

No Evangelho deste domingo (24), podemos acompanhar a comunidade que nasce do Ressuscitado. As portas fechadas indicam o medo do que acontece lá fora. É uma comunidade marcada pela fragilidade e dúvida. Ela precisa da presença do Senhor. De repente, Ele rompe os limites e se põe no meio deles. Os sinais visíveis são a alegria dos discípulos e o dom da paz do Cristo Ressuscitado. Eles sabem que não estão diante de um fantasma, conseguem experimentar sua presença sensível: É Ele, é o verdadeiro mestre que eles haviam seguido, ele possui os sinais (estigmas) do sacrifício de amor por toda a humanidade. O dom do Crucificado/Ressuscitado é a paz e envio em missão.

Por isso, Pentecostes é muito mais do que o encerramento de um processo iniciado na Quarta-feira de Cinzas. É o início de uma nova etapa, uma nova comunidade renasce com o “sopro” do Ressuscitado dizendo: “Recebam o Espírito Santo” e uma missão nova tem início e o resultado está diante de nossos olhos: a coragem desta primeira comunidade movida pela força do Espírito Santo chegou até nós e devemos continuar este obra que é de Deus e Ele coloca em nossas mãos a sua continuidade com a promessa: “Eu estarei convosco todos os dias”.

Vem, Espírito Santo, faz de nós uma Igreja de portas abertas, coração compassivo e esperança que contagia. Que nada nem ninguém nos distraia e desvie do projeto de Jesus Cristo: fazer um mundo mais justo e digno, mais amável e feliz, construindo o Reino de Deus. Amém.

 

* O autor é bispo da Diocese de Toledo

 

revistacristorei@diocesetoledo.org

 

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