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Elio Migliorança

ESCREVENDO A QUATRO MÃOS

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A tecnologia é fantástica. Permite ações que no futurismo do passado eram consideradas “coisas de outro mundo” e hoje estão ao nosso dispor, tornando real aquele ditado que diz “longe é um lugar que não existe”. Semanalmente o texto aqui publicado corta os céus do mundo e em poucos segundos está disponível no computador de pessoas que o recebem diretamente do autor via e-mail em sete Estados brasileiros e ainda no Canadá. Sem contar os assinantes e milhares de leitores que acessam a página de “O Presente” e o leem pela internet. E destes leitores tenho recebido contribuições, críticas e sugestões, muitas das quais é impossível atender. Até reclamações que cabem melhor num programa popular, mas as pessoas creditam à imprensa a força moral de fazer os responsáveis tomar providências, por exemplo: porque a rodoviária em Nova Santa Rosa não está aberta em todos os horários de passagem de ônibus, obrigando as pessoas a aguardarem no frio diante de um enorme prédio, mas fechado? 
Das muitas contribuições quero abordar hoje uma delas, até porque o governo federal divulgou nesta semana o Plano Safra 2010/2011 e o tema abordado tem tudo a ver com o assunto. A contribuição é do leitor Afonso Arnhold, de Palotina (PR), tecendo considerações sobre a coluna publicada em 28/04/2010, com o título “O espelho de nosso futuro”. Naquela coluna abordei a questão do endividamento rural, o pouco caso do governo para com a situação e fazia uma comparação entre a Argentina do passado e do presente, dizendo que a crise agrícola Argentina é o espelho da crise futura por aqui. O leitor em questão discordou e disse o seguinte: “Atribuir essa situação ao governo, ou a um governante, a meu ver, é uma incoerência, independente de quem esteja no poder. Eu afirmo com plena convicção que a maioria dos produtores endividados tem suas dívidas originárias por falhas de administração e de condução da atividade. Talvez a grande maioria me perguntasse: e as frustrações de safras por seca e outras intempéries? Sim. Influenciam. E muito. Mas, diante disso e dessas situações é que o produtor deve avaliar a sua atividade.
Grande parte dos produtores não utiliza princípios básicos de administração que tratam de receitas e despesas, aliada à capacidade de produção. Boa parte de nossos produtores se baseia unicamente na informação do que diz o agrônomo ou gerente da cooperativa, ou ainda do banco. Vão ao banco, passam horas jogando conversa no gerente para dar um jeito na dívida. Vão à cooperativa ou na empresa fornecedora adquirir insumos, sem sequer fazer uma pesquisa de preços, para ter um parâmetro de negociação. Adquirem tratores novos, para puxar máquinas obsoletas, com juros subsidiados e cujos valores eles não têm capacidade de pagamento. Enfim, ficam dedicando seus preciosos anos de vida para serem explorados pelos outros. São verdades e realidades que doem. Eu sempre digo que grande parte dos agricultores carece de uma orientação mais firme na condução da atividade. Criticar e culpar o governo é mais cômodo”.
Na próxima semana a manifestação de Mauricio Fick de Souza, de Osvaldo Cruz (SP), falando da coluna “O idiota e os heróis”, de 19/05/10.

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