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Tarcísio Vanderlinde

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De acordo com o antropólogo Don Richardson, depois de um século da morte de Pachacuti, conquistadores espanhóis eliminaram a família real e a classe social mais vinculada a ela. Com isso, eliminou-se também a possibilidade do restante da população ter acesso às concepções teológicas defendidas por Pachacuti.

Aproximando-se de Peru pelo mar Pizarro, tirou partido das esperanças monoteístas dos incas, destruindo tanto estas como o império propriamente dito. O golpe de misericórdia na reforma prevista por Pachacuti fora dado.

Parafraseando o poeta e astrônomo persa Omar Khayyam, Richardson observa que “uma vez escrito, escrito está, e que só resta seguir adiante”. E conclui:

“É tarde demais para trazer de volta Pachacuti e seu império, a fim de tratá-los com mais justiça do que fizeram os espanhóis. O que importa agora? Que nós, filhos da presente geração, tratemos com justiça os filhos de Pachacuti que sobreviveram ao holocausto espanhol – os quéchuas”.

Ao pesquisar sobre Pachacuti, Richardson dá pouca importância à rica e complexa cosmovisão andina relacionada à cultura inca. Não fora este seu objetivo, embora em diferentes momentos, o autor tenha discutido detalhadamente aspectos culturais de outras civilizações que estudou.

A cultura inca representada hoje pelos descendentes quéchuas é rica sob muitos ângulos. Na cosmovisão inca, por exemplo, aparecem elementos da agricultura, natureza e astronomia que um leitor atento vai descobrir que também aparecem na Bíblia e que tinham como o intuito marcar a grandeza do Eterno. É o caso, por exemplo, das referências às constelações de Órion e das Plêiades que aparecem no livro de Jó. Os elementos que se destacam na cosmovisão inca podem revelar ainda outras surpresas aos pesquisadores.

Pausemos por ora relembrando os curiosos sítios incas de descanso, alguns dos quais desfrutamos, e que podem ser identificados em muitos lugares do Peru. Eles ficavam nas trilhas ancestrais percorridas a pé pelos incas. Não custa lembrar que lugares de descanso, sejam literais ou metafóricos, costumam aparecer em muitos lugares nas narrativas bíblicas.

Caminhando lentamente nos arredores de Cusco para evitar o efeito da altitude, chega-se ao sítio arqueológico de Tambomachay, local de descanso de um dos antigos caminhos utilizados pelos incas (a palavra quéchua “tambo” significa descanso).

Já o pueblo Ollantaytambo, que fica no vale sagrado dos incas, é outro lugar de descanso, onde nos tempos atuais se aguarda o trem com destino ao lugar que o visitante mais deseja chegar quando visita o Peru: Machu Picchu, a cidade fundada por Pachacuti: o Melquisedeque inca.

 

O autor é professor sênior da Unioeste

tarcisiovanderlinde@gmail.com

 

 

 

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