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Editorial

Esgotados

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A pandemia de Covid-19 não dá trégua. Os recentes aumentos nos números de casos e internações no sistema hospitalar em Marechal Cândido Rondon são provas cabais de que muito ainda precisa ser feito para controlar a disseminação do vírus. Até que todos os adultos não sejam vacinados, essa doença ainda vai causar muitos infortúnios para toda a população.

Se voltarmos um pouco no tempo, logo no início dessa desoladora pandemia, antes desse vírus que assola o mundo aparecer, profissionais de saúde eram aplaudidos por estar na linha de frente. Nas casas, nas redes sociais, nos outdoors e nos veículos de comunicação, médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem eram valorizados, exaltados pela garra em combater esse mal.

Mas o tempo passou e muito do apoio antes dado a esses profissionais passou a ser desrespeito. Grande parte das pessoas cansou, esqueceu da pandemia e segue uma vida praticamente normal, sem distanciamento social, uso de máscaras e falta de higienização das mãos. Nesse tempo, a rede de saúde, não só de Marechal Cândido Rondon, mas de toda a região, assim como do Paraná e do país, entrou em colapso diversas vezes. E isso afeta drasticamente os profissionais da saúde.

Eles estão cansados, pois desde o começo da pandemia convivem com isso praticamente 24 horas por dia. Convivem com a dor, com as mortes, com a estafa física e mental, com os próprios efeitos da doença.

Nesse momento, a rede de saúde rondonense está extremamente pressionada. E as pessoas que estão por trás dela, que na verdade fazem a rede funcionar, estão esgotadas. Homens e mulheres que estão colocando em risco suas próprias vidas para salvar a vida de pessoas que muitas vezes eles nem conhecem. E salvar a vida de pessoas que por ventura não colaboraram com o controle da pandemia, que desdenharam ou minimizaram os conselhos da ciência.

Com hospitais e unidades de pronto atendimento lotadas, com pessoas intubadas em locais inapropriados, com outras aguardando leitos, a vida dos profissionais de saúde fica ainda mais difícil, pois falta tempo, espaço e material humano para dar a atenção, como a que seria necessária e adequada para cada paciente.

Para piorar o quadro, as baixas temperaturas estão chegando junto com os vírus gripais que naturalmente circulam mais nessa época do ano. O número de pessoas procurando o atendimento da saúde pública com sintomas da gripe só aumenta. Isso, além de apertar o nó na garganta do estrangulado sistema de saúde, dificulta os diagnósticos, pois gripe e Covid – sem falar da dengue – têm sintomas parecidos.

O município de Marechal Rondon tem feito um bom trabalho na gestão da pandemia, mas está de mãos atadas em algumas frentes, como na chegada lenta de vacinas. Todos os cenários são sempre estudados pela equipe da Saúde, que tem enfrentado com competência os desafios impostos pela Covid-19. A meta é sempre tomar decisões assertivas e não seria diferente neste momento. As autoridades estão atentas ao que acontece e precisam agir para reduzir essa superlotação nas unidades de saúde, seja estimulando as pessoas a manter o distanciamento, seja ampliando a rede de atendimento. Mas quem mais define se esse cenário de esgotamento das pessoas e do sistema de saúde vai mudar é o cidadão, com as atitudes que toma no seu dia a dia.

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