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Arno Kunzler

Espertalhões

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O Brasil é mesmo o país dos espertalhões, que lucram com a ignorância, a confiança, a ingenuidade e, sobretudo, com a boa-fé das pessoas.

Uns usam esses artifícios para enriquecer ilicitamente, outros para manipular as pessoas na cara dura…

É o caso dos nossos ilustres congressistas que aprovaram em 2015 a minirreforma eleitoral extinguindo o processo de reeleição para os cargos no Executivo.

Aprovaram, mas não aprovaram…

Quer dizer, aprovaram, passaram a ideia para o povo brasileiro que aprovaram.

Mas na verdade não aprovaram, porque o Senado ainda não aprovou.

Nas ruas o povo acha que não haverá reeleição para os próximos prefeitos, eleitos em outubro.

Na prática haverá, porque o Senado ainda precisa aprovar e depois a lei precisa ser sancionada e isso tem quer um ano antes das eleições.

E já aprendemos com eles mesmos, quando eles não querem, nada passa. Mesmo que isso seja do interesse da grande maioria das pessoas.

Sei que muitos leitores vão ter uma decepção ao ler este artigo, porque acharam que a lei já tinha sido aprovada.

De fato foi, mas não foi…

Deu pra entender né?

É assim, quando algo é do interesse da classe política passa rápido pelas duas casas, quando não é, uma casa aprova e faz de conta que mudou, mas não…

Os políticos sabem que precisam fazer alguma coisa para dar satisfação aos movimentos que reclamam providências e uma delas é o instituto da reeleição, aprovado no governo FHC.

A reeleição para o Legislativo já é danosa, já faz os vereadores, deputados e senadores pensar muito mais na próxima eleição do que na próxima geração.

Mas o instituto de reeleição no Executivo mostrou-se uma lástima em todos os níveis.

Raros são os casos em que prefeitos ou governadores reeleitos não atolaram o município/Estado em dívidas.

Mas os exemplos contrários são numerosos e explícitos.

Deveriam mostrar comparativos de anos eleitorais com anos pós-eleições para a população saber a verdade das contas públicas.

Ali está claro, quando e como os municípios e Estados se endividam e quando os orçamentos são administrados com rigor.

Mas chega na hora do gestor decidir entre ficar no poder e endividar o município e ele prefere, quase sempre, ficar no poder.

Essa opção via de regra é feita com dinheiro público, que é desviado da sua finalidade para comprar apoios políticos. Isso precisa acabar, isso precisa ter um fim.

Pena que ainda não teve, lamentavelmente vamos conviver com isso daqui a quatro anos.

Já que os políticos não dão jeito, cabe à população voltar as ruas, ou…

 

Jornalista e diretor do jornal O Presente

arno@opresente.com.br

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