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Dom João Carlos Seneme

Estarei convosco todos os dias

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Para compreender o texto do evangelho deste domingo é importante conhecer o contexto. Aqui se trata do último discurso de Jesus aos seus discípulos. Ele acontece na noite que antecede a prisão de Jesus. Antes da paixão, em um ambiente de muita intimidade, Jesus dirige aos seus discípulos uma mensagem para confortar, sustentar e encorajá-los. Jesus manifesta sua última vontade e comunica aos discípulos seu testamento.

Estamos próximos da Ascensão e Pentecostes. Antes de retornar ao Pai, Jesus promete que está sempre presente. No dia Pentecostes ele enviará o Espírito Santo: “O Paráclito, o Defensor, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos tenho dito”. Ou seja, Ele estará conosco todos os dias e o Espírito é o animador da comunidade que aceita continuar a missão de Jesus. Este é o testamento espiritual de Jesus. É o novo mandamento que ele deixou: ser sinal de unidade, estar atento às necessidades de todos os irmãos, cuidar da casa comum e glorificar o Pai que nos consola em nossas aflições.

Outro dom do Ressuscitado para sua comunidade é a paz. Na compreensão judaica, “shalom” indica muito mais que bem-estar. A paz não pode ser confundida com ausência de conflitos, tranquilidade interior. Jesus ressalta que a sua paz não é igual àquela do mundo dá. A paz que Jesus dá não é simplesmente um desejo, uma promessa. Ela é uma obrigação que os discípulos devem salvaguardar e proteger. Para humanizar a vida, o primeiro a fazer é semear a paz, não a violência; promover o respeito, diálogo e escuta mútua; acolher o diferente e procurar conviver em harmonia.

O verdadeiro discípulo de Jesus está em constante diálogo com Deus e dali nasce o desejo de ir ao encontro dos outros promovendo o bem, praticando a misericórdia, não excluindo ninguém, lutando para que os nossos direitos e os de nossos irmãos sejam respeitados. E como o nosso mundo está precisando desta paz que vem do Senhor Jesus: “Eu vos deixo a paz, a paz eu vos dou”.

Vamos participar da ceia eucarística onde Jesus nos oferece a sua vida e receber o mandamento do amor e o dom da paz. Na celebração da missa, o Senhor renova o seu amor pela humanidade na partilha da palavra e do seu corpo e sangue. Tudo isso em vista do bem de todos, simplesmente motivado pelo amor ao projeto do Pai e por cada um de nós.

A vinda do Espírito Santo no dia de Pentecostes deveria provocar em nós um renascimento, de modo que aprendamos a recorrer sempre ao Espírito Paráclito, aquele que vem em nosso socorro, nos defende, nos consola. Muitas vezes buscamos em tantos lugares e descobrimos que não somos felizes e muito menos livres: riquezas, prazeres, poderes. Coisas que garantem conforto momentâneo e passageiro. Só Deus pode nos garantir a felicidade eterna, ela é dom para quem crê e molda sua vida no seguimento de Jesus Cristo animado pela vida nova, dom do Espírito Santo.

 

Dom João Carlos Seneme é bispo da Diocese de Toledo

revistacristorei@diocesetoledo.org

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