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Editorial

Estrabismo na política

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A idolatria é um grande problema. Discussões rasas, também. Enquanto direitistas e esquerdistas se digladiam nas redes sociais, a Câmara dos Deputados passa uma rasteira no povo brasileiro. As superficiais discussões basicamente são a favor e contra o presidente Bolsonaro e suas medidas. Para uns, é o céu. Para outros, o inferno. Longe dessas trocas de insultos que nada auxiliam o Brasil a sair da pior crise da história dos últimos 100 anos e só inflamam uns contra os outros, deputados federais tiraram do Ministério da Justiça e passaram para o Ministério da Economia a gestão do Coaf, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras, responsável por identificar e combater crimes financeiros e lavagem de dinheiro.

Administrativamente falando, não há sentido algum em retirar um órgão de fiscalização do Ministério da Justiça. É como colocar a Secretaria da Pesca na pasta da Educação, ou a Embrapa no Ministério da Defesa. Isso sem contar que o ministro Paulo Guedes, que para muitos é um guru da economia, definitivamente não tem competência técnica para conduzir os trabalhos de tão importante órgão público no Brasil. Economista tem que cuidar da economia, não da criminalidade.

Certamente o Coaf vai perder força, eficiência e efetividade. É exatamente isso que querem os 228 deputados que votaram para transferir a entidade para o Ministério da Economia. São muitos os que desejam que o órgão perca força para que, eventualmente, seus crimes não sejam investigados, descortinados e perdurem em validade indeterminada. Querem continuar a praticar seus delitos contra a nação, agora mais longe das garras da Justiça. Querem proteger seus crimes. Estão promovendo um desmonte contra a corrupção brasileira.

Enquanto isso, na sala da injustiça, uma enxurrada de postagens e mais postagens, falsas e verdadeiras, promovem um verdadeiro pandemônio entre os lados A e B. Um posta, outro bate palminhas, outro ataca, mais um critica e compartilha, os palavrões começam, a gentileza e a educação desaparecem, o bom senso também, e no final das contas o que parecia política nada mais é do que um jogo bobo de ataque e defesa, mas sem gols. Um 0 a 0 daqueles bem feios de ver.

O amadurecimento político ainda é recente e engatinha no Brasil. Fala-se muito defendendo cores, mas os políticos continuam colocando a população no bolso, votando pelas suas próprias convicções e interesses. Enquanto as brigas não se aprofundarem, eles vão continuar a lesar o Brasil para suprir suas demandas pessoais. Cedo ou tarde, a conta vai vir.

As pessoas precisam parar de prestar atenção em Lula ou em Bolsonaro e começar a participar efetivamente da política, buscando informações claras sobre o que acontece em Brasília, seja no Executivo, no Legislativo ou no Judiciário. Discussões rasas não levam a nada. Idolatrias também não. É melhor o povo começar a abrir os olhos para o que realmente importa na política brasileira. Ideologias e ódio não ganham jogo. Estrabismo também não.

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