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Dom João Carlos Seneme

Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, viverá!

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Já estamos bem perto da Páscoa e continuamos a ler do Evangelho de São João que retoma o nosso batismo. Esta catequese batismal nos relembra que somos incorporados a Cristo e à vida plena que Ele nos garantiu. Este encontro com Cristo não suprime a debilidade e a fragilidade da natureza humana. Somente a fé em Jesus Cristo nos faz superar o último limite da vida. É justamente este tema que nos propõe o Evangelho deste domingo (06). Os domingos anteriores apresentaram Cristo como água que sacia a sede da samaritana; como luz que abre os olhos ao cego para uma nova visão da vida. No Evangelho de hoje Jesus aparece, de um lado, frágil e comovido diante da morte de um de seus melhores amigos. De outro lado, apresenta-se com todo o seu poder salvador: “Eu sou a ressurreição e a vida”. São trechos do Evangelho que querem revelar gradualmente a grande mensagem da Páscoa: vida abundante para todos. É para este momento que nos preparamos durante a Quaresma. O centro deste relato evangélico é nos levar a refletir sobre o mistério da morte e da vida que tem sua fonte em Jesus. A morte é um acontecimento que nos fragiliza e revela nossa impotência. Quando Jesus chega à casa de seus amigos, a família está quebrada, as irmãs choram; Jesus também se comove. Neste momento surgem as perguntas essenciais da vida: o que é a vida? O que é a morte? Como viver? Como morrer? Antes de ressuscitar Lázaro, Jesus disse a Marta: “Eu sou a ressurreição e a vida: quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá. Crês nisto?”. Palavras que desafiam a fé de Marta e a nossa. Diante da dor, da incompreensão do destino de nossas vidas, somente em Jesus buscamos luz e força para lutar pela vida e enfrentar a morte. É o que experimenta Marta quando soube da chegada de Jesus: saiu correndo ao seu encontro e a presença dele trouxe esperança. Jesus nos ensina duas atitudes fundamentais diante daquilo que não podemos explicar, principalmente diante da morte: chorar e confiar em Deus. O exemplo de Marta e Maria revela nossa humanidade e fragilidade: as irmãs, sem o irmão, se encontram numa situação de desamparo que põe em foco a realidade da humanidade diante do projeto de Deus que é de vida e para a vida. Somente quando aceitamos a experiência humana poderemos valorizar a grandeza do dom da vida que procede de Deus através de Jesus Cristo. Jesus está diante de nós e nos chama como a Lázaro: vem para fora! Vem para fora da sua indiferença, de sua preguiça, de seu egoísmo, da desordem que vive; vem para fora do seu desespero. Quero colocar em seu coração um espírito novo, um espírito de vida plena!  O evangelista antecipa o que vai acontecer com Jesus; a cruz se aproxima cada vez mais e Jesus não se intimida diante da morte porque confia no amor do Pai e confirma sua missão de oferecer-se como sacrifício para nos salvar. A vitória final será da vida e não da morte. “Eu sou a ressurreição e a vida”. Com este sinal, a ressurreição de Lázaro, Jesus sinaliza a sua própria ressurreição, que será a resposta definitiva, porque é uma ressurreição para sempre e fonte de esperança viva para os que acreditam nele. “Crês nisto? Sim, Senhor, eu creio firmemente que tu és o Cristo, o Filho de Deus”. 
* O autor é bispo da Diocese de Toledo
revistacristorei@diocesetoledo.org

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