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Dom João Carlos Seneme

Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim

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O evangelho deste domingo (10) continua retratando a comunidade cristã ideal. Ela é gerada pela Palavra de Deus que deve ser proclamada ininterruptamente. Ela é alimentada pelo amor operoso em favor dos outros, sobretudo os mais frágeis. A comunidade cristã está fundamentada na pedra viva que é Cristo e é estruturada com pedras vivas, os cristãos: a dinâmica da comunidade cristã é seguir Jesus Cristo para chegar no lugar preparado por ele.

Como apontam os primeiros versos de nosso texto, é apresentada aos discípulos a meta da viagem que Jesus inicia e, em seguida, os discípulos deverão fazer o mesmo: a comunhão plena na casa do Pai. Estar onde está Jesus é a única meta autêntica da vida dos homens e mulheres de fé: é um ponto de referência absoluto que liberta do medo e nos dá esperança. Jesus afirma que na casa do Pai há muitas moradas e Ele vai na frente para preparar um lugar para todos. Morada não indica estrutura física, mas se refere à atmosfera de um lar, onde todos se sentem bem, há calor humano e intimidade familiar. É o lugar onde todos se sentem em casa. A casa do Pai – objetivo da viagem – se apresenta como plenitude de comunhão e Jesus, com sua partida, é aquele que prepara o caminho para que possam chegar sãos e salvos a este lugar, casa do Pai, preparado por ele com tanto amor.

Jesus conviveu com eles por três anos e eles o viram ensinar, conversar e acolher as pessoas. Por isso ele fala: “Vocês sabem o caminho aonde eu vou”. Tomé, com seu senso realista e prático de sempre, protesta: “Senhor, não sabemos para onde vais, então como podemos saber o caminho?”. Ele está claramente pensando em termos geográficos. A resposta de Jesus é desafiadora: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”. Para chegar ao Pai é necessário seguir os passos de Jesus: amar como Ele amou o Pai e a humanidade. Jesus se oferece como o caminho que devemos percorrer para entrar no mistério de Deus Pai. Só Ele pode desvendar o mistério último da vida. Ele pode comunicar-nos a vida plena pela qual tanto anseia o coração humano.

Através dos diálogos, o evangelista São João revela a missão de Jesus e a dificuldade que os discípulos têm para compreendê-la. A compreensão plena só virá com o Espírito Santo em Pentecostes. Agora é a vez de Filipe se manifestar: “Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta”. A resposta de Jesus revela que Ele é o Filho querido do Pai: “Quem me viu, viu o Pai”. A vida de Jesus, sua bondade, sua liberdade para fazer o bem, sua capacidade de perdoar, seu amor pelos pobres revelam o amor do Pai: “Eu e o Pai somos um”. “O Pai que está em mim realiza suas próprias obras”.

Por fim, Jesus tem uma palavra também para nós. Sua volta ao Pai implica em colocar nas mãos dos discípulos a continuidade de sua missão. Também nós somos enviados em missão para continuar a obra de Jesus: fazer com que a Igreja se “pareça” com Jesus que é o Caminho, a Verdade e a Vida. Esta é a boa nova para nós hoje.

Para chegar ao Pai é preciso passar por Jesus. Como Ele conhece nossa fragilidade e insegurança, Jesus nos envia o Espírito Santo para ser nosso defensor e iluminar o caminho do seguimento. “Não tenhais medo, estarei convosco sempre, todos os dias”. Que Maria, Mãe da Igreja, abençoe neste dia todas as mães; cuida com carinho daquelas que estão abandonadas e fortalece as que assumem com alegria suas famílias. Amém.

 

O autor é bispo da Diocese de Toledo

revistacristorei@diocesetoledo.org

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