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Dom João Carlos Seneme

Eu sou o pão vivo descido do céu para a vida do mundo

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Neste domingo (08), o Evangelho de São João (Jo 6,41-51) retoma o tema do pão e da presença de Deus. Depois da multiplicação dos pães, que havia entusiasmado a multidão da Galileia, Jesus apresenta o discurso que Ele considera o mais importante. Este discurso irrita seus ouvintes: “Vós me procurais porque comestes pão e ficastes satisfeitos”. A fala de Jesus provoca murmúrio entre os judeus. A murmuração é uma atitude típica da falta de fé: querem impor a Deus o próprio modo de pensar, aprisionando-o nos esquemas humanos. Deus é muito maior do que pensamos ou falamos sobre Ele. Deus se manifesta sempre de maneira nova.

Este episódio da murmuração recorda o acontecimento do êxodo, as dificuldades do povo na travessia do deserto. Quantas vezes este mesmo povo não murmurou contra Deus: por causa da falta de alimentos, porque foram tirados de um lugar onde comiam abundantemente, porque a terra prometida estava demorando para chegar, e assim por diante. Tudo isto revelava falta de fé, desconfiança de Deus. Mesmo assim, Deus não os abandonou: trouxe água, alimentos, um líder que os guiava. Deus revelou-se paciente e fiel.

Crer é fundamental para acolher Jesus como o enviado do Pai, o pão vivo que desceu do céu. Da nossa parte é preciso adesão, escolha e abertura à ação da misericórdia divina. O caminho da felicidade, que se encontra em Deus, passa por Jesus e “ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o atrair” (Jo 6,44). Por isso a fé é um dom, um presente, que Deus nos concede gratuitamente. Quem acredita participa da vida eterna. Aderir a Jesus, o pão da vida, já nos faz experimentar aqui e agora o que nos está reservado no céu.

A novidade de Deus é o pão da vida. Jesus veio doar a própria carne para que o mundo tenha vida. Na cruz Jesus fez o maior gesto de amor pela humanidade. Jesus fez de sua vida um dom para todos na cruz. Sua ressurreição nos trouxe a vida eterna. Na Eucaristia renovamos com Jesus nossa adesão e Ele nos alimenta com seu corpo e sangue para que sejamos sinais de sua presença e do seu amor. Este gesto nos ensina que devemos ser pão para os outros.

Neste domingo celebramos o Dia dos Pais e enfatizamos o valor da vocação ao matrimônio e o valor da família na missão de revelar a face de Jesus e o projeto de Deus. O matrimônio é o chamado de Deus onde ocorre a união legal e espiritual do homem e da mulher a fim de constituírem uma só carne. É uma doação total de si ao outro como oferta de amor e completude. É o chamado a constituir família, santuário da vida, Igreja doméstica e berço de tantas outras vocações. Parabéns, queridos pais e mães. Continuem acreditando na família e no seu valor fundamental dentro de nossa sociedade.

Iniciamos também a Semana Nacional da Família 2021. O tema escolhido para esta edição é “Alegria do amor na família”, em referência à exortação apostólica Amoris Laetitia, que completou cinco anos e é a motivação de um ano especial convocado pelo papa Francisco juntamente com o Ano de São José, padroeiro da Igreja universal e padroeiro das famílias.

 

O autor é bispo da Diocese de Toledo

revistacristorei@diocesetoledo.org

 

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